Eu Li: Faça Seu Pedido (You Wish)

Eu tinha vontade de ler Faça Seu Pedido desde que o vi há algum tempo na Amazon. Na época, eu nem imaginava que ele seria lançado por aqui , então, quando soube que a editora Gutenberg o lançaria fiquei bem animada para ler! Rolou uma promoção por aqui, o livro chegou, mas foi pra fila e ficou lá por uns meses. Aproveitei meu recesso  ♥ para finalmente lê-lo, pois eu queria algo leve, divertido, adolescente e rápido e imaginei que essa seria a pedida.

Kayla McHenry é a nossa protagonista. Ela é a narradora da história e eu percebi que ia me divertir logo na primeira página, pois narrativa da Mandy é deliciosamente cativante. Kayla está completando 16 anos e ganha de presente da mãe uma super festa (16 anos lá é tipo nossos 15 anos). O problema é que ela não queria essa festa. Ela tem um estilo bem alternativo, um tantinho rebelde e tudo que ela não queria era uma festa estilo princesa. Mas enfim, a festa acontece e, como ela previa, é um fiasco. A melhor amiga quase não aparece, porque tinha um encontro com o namorado (por quem Kayla já foi apaixonadinha), vai um monte de gente que ela nem conhece e a mãe ainda usa a festa como mostruário para seus clientes (uma vez que ela é organizadora de eventos).

O que Kayla não esperava é que ao fazer seu pedido ao assoprar as velinhas, finalmente ele se realizasse. E o que ela pediu foi que todos os seus desejos anteriores se realizassem, então já viu! Na manhã seguinte a festa, os desejos começam a aparecer pra ela e isso causa a maior confusão. O interessante é que, se deparando com os pedidos virando realidade, Kayla percebe o quanto mudou - afinal, como a gente não muda dos 5 anos aos 16? É a fase de maior mudança na vida - e esse confronto entre a Kayla que ela era e a Kayla que ela se tornou tem todo um significado para o livro.
- Dizem que um ego gigante é a causa numero UM de morte entre meninos adolescentes.
A Kayla tem um senso de humor maravilhoso! Acho que me identifiquei porque ela é sarcástica e dramática bem do jeito que eu sou gosto.
Evitar as situações sempre foi meu melhor mecanismo para lidar com as coisas. E por que mudar agora?
O aparecimento dos desejos hilários de Kayla no decorrer da vida causam as maiores risadas EVER. Juro, eu não ria tanto lendo há muito tempo. Eu quase não podia ler na condução ou era vergonha na certa! Um dos desejos dela (e isso não é spoiler) foi ter um Little Poney (Meu Querido Ponei) e o bichinho aparece em toda sua glória, rosa, cheio de brilho e com um sorvetinho azul estampado na traseira. Então, tendo que esconder o pequeno equino no quintal de casa, Kayla só me fazia chorar de rir toda vez que citava uma das trapalhadas envolvendo o pônei. Sério, chegou um ponto que eu não podia mais ler Meu Querido Pônei que começa a rir escandalosamente (ai, estourindoagora).
 – É meu namorado, sim. - confirmo, cada vez mais irritada. – Ele é demais. Super... atlético. Joga vôlei demais. E é claro que tem o próprio carro e tudo, o que é demais.
Por que, pelo amor dos meus pôneis, eu fico dizendo “demais”??
Um dos grandes embates do livro é um certo desejo de Kayla que não pode mais se transformar em realidade ou poria em risco a amizade dela com a melhor amiga, Nicole. Ela passa o livro todo tentando desfazer esse ‘mal-entendido’ enquanto tem que esconder de todo mundo as coisas estranhas que andam acontecendo.

Sabe aquele tipo de livro que não é nada espetacular (do tipo: me ensinou lições, mudou minha vida) mas que marca de alguma forma? Foi o que aconteceu. É um livro que apesar de simples, tem uma lição bonitinha no final e do mesmo modo que me fez rir DEMAIS, me fez chorar com a conclusão! Eu super recomendo a leitura. Acho que ele pode ser mais apelativo para as meninas mais novas, mas é uma história que diverte qualquer idade. Também recomendo por ser o tipo de livro que a gente precisa ler de vez em quando, quando está um pouco saturado de tantos livros com carga mais dramática, e quer apenas algo leve, que faça rir.

Faça Seu Pedido, me surpreendeu, pois eu, que só esperava algo divertido, acabei me emocionando de verdade com a história. Tem uma coisinha que quase me incomodou no final, mas eu acabei gostando tanto do livro de modo geral, que não fiquei irritada como poderia ter acontecido. Não vou contar porque isso seria spoiler, então, melhor vocês conferirem!  Ah, antes de ler eu tinha a leve sensação que seria como aquele filme da Disney, 16 desejos, e agora sei que não tem nada a ver, apesar das coincidências. Então, leia sem preconceitos e divirta-se MUITO!

Vivi leu: Adeus, por Enquanto (Goodbye for Now)


E se o amor continuasse além da vida?

“Adeus, por enquanto” é o segundo livro da elogiada escritora Laurie Frankel e foi lançado aqui no Brasil pelo selo Paralela da Editora Companhia das Letras. O livro me conquistou desde as primeiras páginas com sua história original e inesperada, agora estou louca para ler o primeiro livro da Laurie, “O Atlas do amor”, lançado também pela Companhia.

O livro conta a história de Sam Elling, um engenheiro de software que trabalha para um site de relacionamentos. Sam desenvolve um algoritmo brilhante, capaz de detectar a alma gêmea da pessoa com uma busca nas informações que os usuários geralmente omitem. Geralmente nas perguntas desse tipo de site as pessoas não costumam ser muito sinceras, é uma tendência natural querer parecer o melhor par do mundo, então nas respostas são todas politicamente corretas. Sam capta isso e desenvolve um algoritmo que busca a alma gêmea não nessas respostas mentirosas, mas através de dados pessoais da pessoa, como a conta do cartão de crédito. Assim fica fácil pegar aquela pessoa que se diz mega saudável e come toda semana no Burger King. Para testar a eficácia do programa, Sam testa nele mesmo e descobre que Meredith Maxwell, que trabalha no departamento de marketing da sua empresa, é sua alma gêmea. Sam, manda esse programa pra cá, meu garoto! Now!!

Só que a genialidade de Sam não é vista com bons olhos pelos donos da empresa, pois ao criar um programa tão eficaz ele prejudica financeiramente os negócios. Se a pessoa que se cadastra no site de namoro encontra rapidamente sua alma gêmea, ela não pagará meses de mensalidade. Então, o prêmio pelo programa milagroso que desenvolveu é a demissão.

Mas agora Sam tem tempo livre para dedicar ao seu relacionamento com Meredith, a quem ele chama carinhosamente de Merde (o apelido mais ingrato do mundo). Tudo vai muito bem até que a avó de Merde, Livvie, falece. A relação das duas sempre foi muito especial e tal perda faz Meredith entrar numa fase muito difícil e depressiva. Encarar o luto é uma tarefa difícil e Sam queria de alguma maneira ajudar sua namorada a superar a dor que estava sentindo. Então ele usa seus conhecimentos de computação para criar um programa que pudesse dar a Meredith um pouco mais de sua avó.

A ideia de Sam é utilizar os dados armazenados ao longo da trajetória virtual de Livvie para gerar novos dados. Meredith e Livvie comunicavam-se muito através de e-mail e as conversas seguiam basicamente um mesmo padrão, então Sam utilizou essas conversas como base para novas respostas de Livvie para Merde. Assim, ao escrever um e-mail para sua vó morta, Merde recebia uma resposta criada pelo programa como as que Livvie escrevia quando em vida.

"É difícil sentir saudades de alguém de quem você não se lembra. Sentir saudades é se lembrar. São o mesmo ato. São partes integrantes uma da outra."

Feliz com a possibilidade de ter sua vó perto novamente, Meredith propõe a Sam algo ainda mais inusitado: conseguir uma conversa em vídeo. Como as duas costumavam utilizar videoconferências com freqüência também existiam dados suficientes para recriar uma projeção de Livvie capaz de conversar com Merde. Loucura?! Talvez, mas ajudou tanto a superar o luto de Merde que ela não quer guardar o “milagre” apenas para ela.

Com a ajuda de Dash, primo de Merde, o programa batizado de RePose passa a ser “comercializado” com o intuito de ajudar a superar o luto. Mas será que isso será bem visto pela sociedade? Será que Sam não quer apenas ganhar dinheiro com a dor e o sofrimento das pessoas? Quem Sam pensa que é para brincar assim de Deus? Essas e outras críticas são feitas ao projeto, mas com tudo isso muitos usuários passam a usar o RePose e suas histórias são contadas na segunda parte do livro. É uma parte do livro que é triste, mas necessária. São muitos os usuários citados no livro e eu me perdi um pouco na leitura com os nomes, mas nada que uma leitura mais calma nessa parte não resolva (eu li o livro todo de uma vez só).

“... de algum jeito Sam inventara a vida eterna. Imortalidade. Não para você, porque você não ligaria, pois estaria morto. Para seus entes queridos, entretanto, Sam poderia manter você vivo e com eles para sempre. Isso não era imortalidade?"

A terceira parte do livro nos reserva uma surpresa que não vou contar aqui, é claro. Mas vale a pena ler para descobrir o que aconteceu com o milagroso RePose, seus usuários, seu genial criador e sua amada Merde.

Falar de morte é sempre difícil, superar a perda de um ente querido é ainda mais. A leitura de “Adeus, por enquanto” me fez parar em diversos momentos e repensar minha própria vida. Já perdi uma pessoa muito importante e especial, tenho muita saudade e as lembranças ainda estão bem vivas em mim, mesmo depois de 11 anos. Não sei se desejaria utilizar um artifício como o RePose, não sei se isso realmente ajuda a superar o luto, mas para algumas pessoas da história de Laurie ele foi sim um facilitador. Com certeza este livro merece estar entre os meus favoritos pela sua maneira delicada de tratar de temas tão difíceis que geralmente ficam apenas no tom melancólico. O foco da autora não é a morte em si, mas como podemos dar adeus e seguir adiante depois de perder alguém. É um romance diferente e especial que com certeza merece um espaço na sua estante. 

Eu Li: Pandemônio (Pandemonium)

Pandemônio é a continuação de Delírio, lançado por aqui pela editora Intrínseca. Li Delirium em sua versão original há quase dois anos, mas mesmo com esse longo tempo passado entre as leituras, não senti que isso foi prejudicial. Acho que a história é bem marcada e, de certa forma, os fatos principais são logo memoráveis uma vez que você retoma a leitura.

Pandemônio começa um tempinho após o final do primeiro livro (aquele final). Lena agora está trabalhando ‘infiltrada’ na sociedade e vai a reuniões de uma agencia que defende a cura como a única opção para se ter um mundo saudável. A narrativa é intercalada em capítulos que mostram o presente e o passado – esse, desde o momento em que Lena cruzou a cerca, no final de Delírio. Eu gostei mais das partes sobre o presente, mas de modo geral, ambas as partes tem sua importância no decorrer da história porque é onde conhecemos o grupo da resistência a quem Lena se une. Minha preferência se deve a dois fatos: o passado é emocionalmente mais carregado e triste, e o presente conta com a presença de um novo personagem que eu achei muito interessante.

No presente, Lena participa de reuniões na ASD, uma associação de fanáticos pessoas que querem a todo custo convencer as outras de que a cura do Deliria é a única opção. Mas isso é tudo um ‘plano’ de espionagem da resistência, para conseguir informações sobre as ações do grupo. Na ASD Lena acaba conhecendo Julian Fineman, o porta-voz do grupo jovem e também filho do representante da Associação. Julian é um personagem bem obtuso a princípio, principalmente porque temos a narrativa do ponto de vista de Lena e ela não tem muito contato com ele e Julian é de poucas palavras. Mas obviamente, acontece uma coisa que acaba aproximando os dois e é aí que vamos conhecendo um pouco mais sobre eles - e começamos a pegar deliria (hhohahohao).

Como comentei na resenha do livro anterior, vou ter que dizer que Lena está MUITO melhor neste livro. Ela deixou de ser aquela garotinha conformada e amedrontada e faz coisas realmente desafiadoras. Acho que todos os acontecimentos prévios (desde Delírio) contribuíram para esse amadurecimento da personagem. Na verdade, tudo que ela sofre nesse livro me faz ter tanta pena dela... Sério, é uma das protagonistas mais sofridas de distopia que conheço. Mas o que eu podia esperar de uma sociedade sem amor? Solidariedade é que não.
Há uma eletricidade entre nós que desintegra o espaço entre nossos corpos."
Lauren Oliver pegou um dos temas mais legais para se criar uma distopia. O surpreendente é que essa nem é uma série distópica muito valorizada - Jogos Vorazes e Divergente fazem muito mais sucesso mundo afora, mas acho que o AMOR COMO DOENÇA é a coisa mais genial que alguém poderia ter pensado. É tão trágico e plausível que sinto até emoção em pensar. Gosto muito da narrativa da autora, nem sempre é estimulante ou viciante, mas tema algo de muito sincero, algo que dá vontade de ler. Sem contar que eu fico tão impressionada com a ideia toda da sociedade considerando o amor um doença e querendo se curar dele...

Vou finalizar dizendo que não é exatamente uma de minhas séries favoritas, daquelas que aguardo ansiosamente a continuação, mas Lauren tem uma habilidade fantástica de criar finais com ganchos tão ESPETACULARES que é impossível terminar de ler esse livro (ou o anterior) sem exclamar um palavrão tamanha a sensação de ‘está tudo sendo destruído, quero-matar-essa-mulher-por-terminar-assim’. Enfim, é um sentimento paradoxo que vivo com essa série – não é deliria, mas também não é indiferença – mas não vou deixar de ler o ultimo livro da trilogia porque PRECISO saber como isso tudo vai terminar.
Você não pode me dizer o que devo sentir."
Aperta o play: Love is Easy - Mcfly :: Escolhi essa música porque, embora na situação do livro AMAR não seja NADA fácil - é proibido até - acho que a mensagem que ela passa devia ser usada!  Muito deliria pra vocês