Eu Li: Desejos (You Wish)

Desejos foi um daqueles livros que estava numa de minhas primeiras listas de desejos e só não entrou num Desejos de Quinta por um acaso... Então, anos depois, o livro foi lançado por aqui pela Galera Record e eu, obviamente, precisava ler e resenhar para conferir se a história era mesmo o que eu pensava. O livro foi lançado pelo selo Junior, que é daqueles livros mais (pré) adolescentes.

O livro é narrado em 3ª pessoa e gira em torno da vida de Olivia Larsen, após ela e os pais mudarem de cidade em busca de um recomeço após a morte da irmã gêmea dela (isso não é spoiler). O motivo de morte é um fato desconhecido e durante a narrativa nós só sabemos que isso aconteceu, mas não temos ideia do como ou porquê. Olivia é uma adolescente um pouco ferida devido esta tragédia familiar e apesar de manter um bom relacionamento com os pais, nós sentimos que toda a família está desestabilizada devido a perda de Violet.

Na nova escola, apesar de Olivia ser introspectiva e não 'buscar por amizades' acaba conhecendo uns amigos e a trama vai acompanhando o desenvolvimento dessas relações. Obviamente, ela acaba se interessando pelo carinha popular - que namora a garota popular - que acaba virando amiga dela #aquelacomplicação.

Então você me pergunta: e os desejos? Aí chegamos ao ponto em que essa capa faz sentido: quando Olivia precisa ir a uma festa, ela acaba indo a uma lojinha bem reclusa perto de onde mora e após encomendar um vestido, ela percebe que se desejar algo enquanto o veste, o desejo se realiza! Com isso, ela tem direito a 3 vestidos e 3 desejos e é enquanto lida com as consequências e benefícios dos desejos que a trama vai seguindo.

Olivia é até uma boa protagonista e gostei de como a autora soube trabalhar o fato dela ser uma adolescente que sofre com a perda de alguém da família. As caracterizações dos personagens são bem marcantes e achei isso legal, apesar de não ter amado nenhum dos amigos em especial. Um dos meus personagens favoritos foi o pai de Olivia! Amo quando os pais tem algum destaque, e o pai dela é um querido. Também gostei de como a autora trabalhou a questão das relações no livro - tanto as de amizade como familiares. É bem sincera e tem uns momentos realmente tocantes.

Infelizmente, apesar da temática interessante - é um livro YA que fala sobre perda, superação, relações familiares - eu não consegui me apegar a leitura e demorei mais de dois meses para concluí-la. Me sinto bem triste quando um livro que anseio em ler acaba não me agradando e chego a pensar se o problema não é comigo, mas com esse livro não há o que dizer: tem uma boa trama, a escrita da autora é agradável e existe boas passagens durante o enredo, mas eu simplesmente não conseguir me apegar aos personagens e curtir a leitura. Quando eu lia, achava legal, mas não o suficiente pra me fazer querer ler tudo de uma vez e fui parcelando a leitura em muitas vezes! E nem acho que é pela trama ser mais juvenil... Apesar do selo, a protagonista está no ensino médio, vive dramas adolescentes (que amo) e tem uma linguagem que condiz com tudo isso, mas eu simplesmente não consegui curtir.

Se você achou interessante e quer conferir por conta própria, acho que deve fazer isso, mas particularmente não é um livro que dou meu 'selo de aprovação'. Se você costuma se identificar com minhas resenhas e opiniões, talvez não te agrade, mas se você quiser conhecer, leia e tire suas próprias conclusões - e depois venha comentar comigo! Não é um livro ruim, mas tampouco foi um livro que achei bom, uma vez que não conseguir me apegar a trama e aos personagens. Eu tinha grandes expectativas em relação a leitura e por elas terem sido frustradas, fico realmente triste em dizer que não gostei, mas foi a minha experiência e estou compartilhando.

Existe uma continuação/spin off do livro, que na trabalha com a mesma ideia mas tem personagens diferentes e tal, então não é uma leitura imprescindível para se entender este primeiro. Não sei se a Galera vai lançar, mas fica a informação para quem gostar!

Eu Li: A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert (La Vérité sur l’Affaire Harry Quebert)

Meu caso com 'A Verdade Sobre....' começou na turnê Intrínseca que fui este ano (essas turnês sempre me deixam louca). Ele e Silo foram os que entraram pra minha lista de 'PRECISO LER - mesmo'. Como minha lista de leituras sempre está imensa e minha velocidade não é medida na mesma conta, acabei demorando mais do que gostaria. O livro chegou para analise e eu finalmente pude ler e conferir - ou melhor, pude engolir e deixar de dormir algumas noites porque saber a verdade sobre o caso Harry Quebert era mais interessante!!!

O livro começa narrando um acontecimento do ano de 1975: o desaparecimento de uma adolescente num bairro pacato em Aurora. 33 anos depois conhecemos o protagonista da trama, o escritor Marcus Goldman. Marcus tem 30 anos e está no auge de sua carreira após lançar seu segundo bestseller. A trama então volta no tempo para nos contar os acontecimentos que precederam esse sucesso literário e é quando conhecemos o tal caso Harry Quebert. Acontece que Quebert é um dos maiores escritores da literatura americana, é amigo pessoal e foi professor de Marcus na faculdade. É Quebert quem Marcus procura quando está desesperado para concluir seu segundo livro, já que o prazo da editora está expirando e ele não tem nenhuma página para entregar ao editor. Precisando se concentrar para escrever seu novo sucesso (já que seu primeiro livro foi super aclamado e a pressão para que o segundo seja ainda melhor não ajuda em nada), Marcus pede abrigo na casa de Harry na pacata Aurora, onde ele poderia se dedicar a escrita sem toda a badalação de Nova York. Mas a surpresa acontece quando descobrem um corpo enterrado no quintal de Harry Quebert e ele é acusado de duplo assassinato. Certo de que seu amigo e mentor é inocente, Marcus decide ficar em Aurora para investigar os acontecimentos de 1975 que levaram a acusação e prisão de Quebert e temos o inicio dessa trama sensacional!!
Lição número dois: além de ser efêmera, a glória não vem sem consequências.
Um ponto que achei legal sobre Harry ser mentor de Marcus é que todo inicio de capitulo vem com uma 'lição' de escrita que ele passa e essas lições me fizeram pensar... O livro todo tem frases bem impactantes sobre escrita e sobre a VIDA que me fizeram pensar (e querer marcar o livro todo). Eu queria um Harry Quebert na minha vida - mas sem as complicações porque eu não ia querer investigar assassinato nenhum #medo. E Harry não é nada delicado, ele fala as coisas sem dó nem piedade!
É um crime derrubar arvores para imprimir coisas tão ruins. Proporcionalmente, não há florestas suficientes para a quantidade de maus escritores que povoam este país.
A trama é muito intrincada e embora eu quisesse fazer um resumo detalhado de cada capitulo, vou parar por aqui e escrever sobre pontos específicos. Como expliquei, o livro passei por vários períodos do tempo, durante a investigação que Marcus faz para inocentar Harry. Nesse ponto, a trama, que é narrada em primeira pessoa, assume também narrativas em terceira pessoa (quando está em 1975, como se estivessem nos contando a história naquele momento) além de conter trechos do livro mais famoso de Harry Quebert, As Origens do Mal e também do livro que o próprio Marcus está escrevendo. Você pode estar achando tudo confuso, mas acredite, durante a leitura é tudo muito bem separado e explicado e você consegue se situar perfeitamente nessa viagem-no tempo. Alias, acho que essa característica do livro de ser um livro dentro de um livro, é uma das coisas que torna tudo mais interessante. A gente fica sabendo de varias coisas ao mesmo tempo e isso vai ajudando a montar o quebra-cabeça (ou nos deixando loucos com tanta informação, exceto a que a gente mais necessita!). Uma dica: preste atenção aos conselhos de Harry - eles acabam sendo dicas de coisas que irão acontecer.

Considero um livro que vai cativando aos poucos, até chegar o momento em que você não consegue parar de ler pois precisa saber que raios aconteceu com Nola, Harry e todos os envolvidos, ainda mais porque cada vez que a gente acha estar chegando próximo a verdade alguma reviravolta acontece e a gente precisa rever todos os fatos pra descobrir o que deixamos passar. Esse livro é TOP!
Esperar que um dia as coisas melhorem: talvez seja isso o amor.
Uma das minhas maiores perguntas durante a leitura era: por quê Harry escrevera um livro de amor, e o batizara de As Origens do Mal??! Esse é um dos questionamentos que o próprio Marcus tem e embora varias teorias tenham se formado enquanto lia, a explicação para tal fato me surpreendeu porque era basicamente a única coisa que eu não imaginara! E eu desafio você a formular uma boa teoria.

Eu poderia escrever todos os pontos que achei fantástico mas este é o tipo de livro que você precisa apenas de um motivo para começar a ler - e vejam o que eu contei - e depois que você começa não consegue parar! Adorei o estilo do autor, o modo como ele trabalhou o enredo, as reviravoltas (tantas, tantas), o suspense, a ideia... Eu quero que você leia Harry Quebert e converse comigo sobre ele!
- A verdade não muda nada do que sentimos um pelo outro. Este é o grande drama dos sentimentos,

Joël Dicker entrou pra minha ~seleta~ lista de escritores que vou querer acompanhar os próximos trabalhos porque realmente acho que esse livro dele foi sensacional e vale a pena prestar atenção nesse moço!

O que mais me deixou impressionada sobre este livro foi que, após concluir a leitura e me sentindo totalmente encantada pela trama e forma que o autor desenvolveu o enredo, fui ler algumas críticas e vi que muita gente achou o livro ruim. Eu fico realmente chocada quando um livro que eu AMO recebe criticas pesadas tão ruins. Pelo que notei, muita gente não gostou da trama de amor de Harry e Nola, achando-a forçada ou clichê, mas acho que ao ler a história, você em que por na cabeça que eles viveram um romance em 1975, quando o mundo era totalmente diferente de agora. Eu também não sou chegada em romances com muita glicose e o relacionamento deles é bem doce, mas considerando a época e o contexto da relação, achei super verossímil.. Também acho muito válida a lição de amizade entre os dois. Imagina, um amigo que arrisca a carreira e a vida em defesa do outro? A fé e confiança que Marcus tem em Harry, mesmo quando tudo esta desmoronando é de aplaudir e achei isso muito bonito.

Enfim, acredito que seja um livro que vale a pena ler e conferir e se você não gostar, pode vir aqui falar comigo que vou te fazer mudar de ideia! Estou recomendado para todo mundo e quero que mais gente leia (e goste) do livro como eu! Para mim, um livro GENIAL, tenho vontade de abraçar o Joel e agradecer por ter pensado nessa trama tão boa #fangirl ♥ ♥
"Um texto nunca está bom", afirmava ele. "Mas há um momento em que ele está menos ruim do que antes."
E levando isso em consideração, termino aqui minha resenha!
Leiam!!

Eu Li: Quem é Você, Alasca? (Looking for Alaska)

Quem é Você, Alasca? foi o primeiro livro lançado pelo John Green e é um velho conhecido dos fãs do autor. Recentemente, a Intrínseca lançou sua própria edição e eu fiz questão de (re)ler e conferir. Acho que mesmo sendo uma releitura, o livro me causou os mesmos sentimentos que senti ao ler pela primeira vez (há uns dois meses), e agora vou comentar minhas impressões sobre o livro.

O livro gira em torno de Miles Halter, um cara do ensino médio que não tem lá muitos amigos porque nunca foi bom em interações sociais. O livro é narrado por ele e começa quando ele está prestes a se mudar para um colégio interno no Alabama, o Culver Creek. Miles resolve que precisa sair de onde mora e ir viver essa experiencia pois está em busca de algo que ele só saberá o que é ao encontrar - ahahaha. Acontece que Miles é um sujeito que adora ler biografias e saber as últimas palavras das personalidades, então ele usa as de Francois Rabelais como justificativa para sua mudança de escola e para ir 'em busca de um grande talvez'.

Chegando em sua nova escola, ele conhece seu colega de quarto, Chip Martin - o Coronel e percebe que pela primeira vez ele se interessa por pessoas e pensa em fazer amizades. E é nesse novo grupo de amigos que está Alasca Young, nossa garota do título. Alasca é uma jovem enigmática, linda e imprevisivel e todos sabemos que isso é a combinação perfeita para os nerds se apaixonarem. Vou parar meu pequeno resumo por aqui e começar a analise do enredo, até porque acho que todos já tem ideia sobre o que a história conta.

Miles é um bom protagonista. Ele não foge muito do que esperamos do John Green (até porque foi o primeiro): ele é inteligente, suas características físicas não são exatamente atraentes, ele tem gostos peculiares e se apaixonada pela garota-fodona. Acho a narrativa do Miles agradável, mas, como aconteceu em Cidades de Papel (que sempre achei a versão 2008 de Alasca), quando ele esta com a Alasca fica meio chato. 

Alasca é uma personagem que não consigo gostar 100%. Ela tem algumas características legais, mas em sua maior parte acho irritante. Acho que ela é o tipo que se eu conhecesse na vida real iria achar uma chata-de-galocha. Pra mim ela aparenta ser o tipo de pessoa que força-a-barra do 'sou legal' e acaba parecendo pedinte. Entretanto, apesar de não curtir a personagem de modo geral, acho que ela tem camadas interessantes. Gosto de como ela mistura esteriótipos (ser linda, popular, interessante) com alguns toques de melancolia - embora essa personalidade tão cheia de altos e baixos dela seja exatamente o que me irrita. É uma personagem que até consigo entender porque o autor a fez assim, mas não aceito, entendem? Ela poderia ser mais legal, mas simplesmente não consigo admirar.

Não vou comentar sobre o que acho de cada personagem porque senão isso vai virar um testamento (e vocês sabem como eu adoro escrever), mas vou me ater ao que considero essencial na história. O livro é interessante por trazer outra perspectiva sobre a adolescência. Gosto de como o autor escreveu algo sem se preocupar se iria chocar ou não (e digo isso pensando no público dos EUA, onde a tal associação de pais e filhos é cheia de não-me-toques). O livro mostra adolescentes que bebem muito, fumam muito, fazem sexo e além de cometerem um monte de pequenas infrações. Também acho interessante a dicotomia de personalidade de Alasca - embora eu não goste disso. Ela tem alguns problemas internalizados que mesmo quando não expõe, aparecem em determinadas atitudes.

De todo o livro, quem eu mais gosto é o Chip a.k.a Coronel (ainda acho esse apelido bobo). Gosto que ele não é o bocó apaixonado pela Alasca e ao mesmo tempo é um amigo pra todas as horas. Apesar de todo seu entusiasmo por apelidos sarcásticos que não são engraçados e trotes idem, acho que é o personagem por quem mais tenho carisma.
– Como você consegue ler e falar ao mesmo tempo? - perguntei
– Bom, normalmente não consigo, mas nem o livro nem a conversa são intelectualmente desafiadores.
– Eu gosto do livro. - disse Alasca.
– É claro. - o Coronel sorriu e se debruçou no beliche para olhar para ela lá de cima. – Não me surpreende. A grande baleia branca é uma metáfora para tudo. Você vive para metáforas pretensiosas.
Olha aí meu personagem favorito falando o que eu
penso sobre esta personagem-título.

Minha ideia geral sobre o enredo é que ele tem traços interessantes sobre a vida adolescente: a busca por respostas, as amizades, dúvidas, as influências que sofremos pelo que lemos, convivemos... Mas também sinto uma melancolia muito grande em relação aos acontecimentos. Não é um livro que me fez chorar - não mesmo, até porque já falei como me sinto em relação aos protagonistas - mas as partes dele mais carregadas de melancolia não me agradam muito. Além disso, acho que o que mais me incomoda em relação a parte 'adolescente' do livro é que não vejo graça em situações que o pessoal acha demais. Não sei... ou estou velha ou ranzinza. Acho que os dois. #pensando

Devo separar um paragrafo especial para falar da tradução ♥! Gente, eu sempre gostei de tradução e sempre soube como ela é importante e como sua relevância vai além do sentido das palavras, mas assim que comecei a ler esse livro senti MUITO o peso disso. Um dos pontos mais óbvios sobre a tradução é que a Intrínseca deixou o livro com os diálogos de modo 'tradicional' com travessões ao invés das aspas (que são comuns no EUA) que foram usadas na outra versão do livro por aqui. Além disso alguns termos ganharam novos significados. Gostei do trabalho, embora tenha achado algumas mudanças desnecessárias - porque louca como sou, fiquei lendo em inglês também, pra comparar. A mudança que a maior parte do pessoal sentiu, foi a que eu MENOS liguei, porque sempre achei a da outra tradução sem graça (como acho a dessa sem graça), mas simplesmente porque acho o MOTIVO da palavra, no original, ser idiota. Sério. esse livro tem algumas ironias que acho bem bobas, então isso nem me abalou. Minha opinião sobre a tradução é que ela ficou bem boa, em alguns pontos bem melhores e outros pontos indiferentes, mesmo porque este livro tem algumas passagens bem complicadinhas de traduzir (os raps, oi?). Acho que mesmo se você já leu o livro, vale conferir essa edição também (ainda mais se você é super fã do Green).

Se você já leu o livro na edição WMF e me perguntar qual a grande diferença entre essa e a edição da Intrínseca eu vou dizer que, além da tradução - que já citei, o livro tem um pequeno apêndice com perguntas e respostas feitas pelo John Green onde ele fala um pouco sobre algumas questões que rodeiam o enredo do livro, uma vez que devido ao grande sucesso, o livro foi adotado em algumas escolas americanas. Achei interessante saber o que o autor fala sobre questões que costumamos debater como 'O que o autor quis dizer quando,..' embora ele não fale spoilers e isso tenha me deixado frustada porque não responde as maiores indagações.

Enfim, acho que na minha lista de livros do JG esse esta em 3 ou 4 lugar - porque ele bate muito com Cidades de Papel! Hahahahahh Mas agora, a pergunta que não quer calar é: quando JG vai deixar de ser produtor e acompanhar as adaptações dos filmes pra voltar com um livro fresquinho pra gente?? To ficando velha e ele ainda colhendo os louros de A Culpa....