Eu Li: A Sorte do Agora (The Good Luck of Right Now)

A Sorte do Agora é o livro mais recente lançado por aqui do Matthew Quick pela editora Intrínseca e é o 3º livro que leio do autor. Desde o seu lançamento por aqui, em agosto de 2015, ele estava na minha lista, mas acabou que só agora consegui encaixá-lo nas minhas leituras e devo logo avisar: que leitura! Matthew Quick é um desses autores que eu gostei de tudo que li até agora, mas ainda assim, ele está na minha lista de autores que acompanho sem necessariamente ser fangirl - o que de maneira nenhuma menospreza o valor que esse autor acrescenta as minhas leituras, mas sim, não me deixa com tantas expectativas em relação ao que sairá dele - embora eu devesse realmente mudar isso!

De tudo que eu tinha ouvido falar sobre A Sorte de Agora, vou logo começar minha resenha dizendo que o que eu encontrei não foi nada (nem um pouco parecido) com o que eu esperava - o que foi bom, na verdade. Nosso protagonista é Bartholomew Neil, um cara em seus quase 40 anos que passou a vida morando e cuidando da mãe. Sendo ambos muito católicos, a vida de Bartholomew e da mãe era preenchida também com a presença do padre da paróquia que frequentavam, Padre McNamee, um padre muito solicito e que sempre procurou aconselhar e ajudar Barth (vou simplificar esse nome, ok) e a mãe. Infelizmente, como nem só de alegrias é feita a vida, a mãe de Bartholomew acaba desenvolvendo um câncer cerebral que pouco a pouco vai se apossando de sua mente até levá-la completamente. Com a morte da mãe, Barth percebe que nunca teve bem um objetivo de vida em mente, um plano de contingencia, e então percebe que é hora que começar a tentar por a vida nos trilhos. Para isso ele conta com a ajuda de padre McNamee, que se oferece para ajudá-lo nesse momento difícil post morten e o padre também contrata uma terapeuta para que ele possa aprender a lidar com essa situação da melhor forma possível.
Minha jovem conselheira de luto, Wendy, diz que sou "emocionalmente perturbado" e que tenho "atraso no desenvolvimento" por ter mantido um "relacionamento codependente" com minha mãe durante tantos anos.
Um dos grandes diferenciais na narrativa desse livro é que toda a história é contata em forma de cartas que Bartholomew escreve para Richard Gere (sim, ele mesmo, o galã de Uma Linda Mulher). A mãe de Barth era uma grande fã de Gere e até mesmo começou a chamar o filho de Richard pouco antes do câncer a levá-la. Depois do falecimento da mãe, Barth encontra na gaveta dela uma carta da fundação de Richard Gere (o tipo de carta padrão que as celebridades que tem instituições enviam as pessoas) e ele considera essa carta um sinal do universo e com esse empurrãozinho cósmico, Bartholomew decide passar a se corresponder com Richard Gere - como um amigo, confidente - e com isso vamos acompanhando toda a narrativa suceder de forma indireta, com Barth relatando a Richard Gere as coisas que andam acontecendo com ele.
Eu me distraio com facilidade com coisas interessantes, e, por isso, as pessoas costumam ter dificuldade em conversar comigo, razão pela qual não falo muito com estranhos. Prefiro escrever cartas, em que há espaço para registrar tudo ao contrário das conversas na vida real, em que é preciso lutar para dizer o que tem que ser dito e nem sempre conseguimos.
#quemnunca
As cartas de Bartholomew nos levam aos mais diversos assuntos e eu gosto muito dessa característica do Matthew Quick, que é conseguir lincar uns assuntos aparentemente sem conexão, mas que acabam se tornando algo interessante e que ao final levará a algum propósito maior na história. Isso realmente me cativa e me deixa cheia de expectativa pelo que virá. Toda a trama é bem amarradinha e mesmo aqueles assuntos que você acha que estão sendo jogados ali aleatoriamente, fique atento, porque mais a frente isso pode se revelar um detalhe importante na construção do quebra-cabeças que Quick monta com seus textos na nossa mente.

A teoria da Sorte do Agora também é muito boa e embora eu nunca tivesse dado um nome a ela, a ideia geral é algo que eu sempre acreditei (sobre toda a questão de sincronicidade do universo e tudo o que vai vai, volta). Leiam essa parte com atenção, é quando Bartholomew explica essa teoria da mãe e ela faz muito sentido!
Não dá pra ter o bem sem o mal, o rápido sem o lento, o quete sem o frio, em cima sem embaixo, luz sem escuridão, redondo sem plano, a vida sem a morte. E é por isso que não dá para ter sorte sem também ter azar,
olha aí...
Esse foi um livro que eu demorei quase um mês inteiro lendo, não porque estivesse achando desinteressante, mas porque fui lendo as cartas por partes mesmo - apesar de estar lendo os capítulos em ordem, absolutamente - absorvendo, juntando tentando descobrir onde aquilo me levaria e confesso que nos momentos em que a trama me proporcionou uma reviravolta eu fiquei bem surpresa porque eu estava me sentindo TÃO preparada para tudo - e parece que Matthew Quick vai nos dando pistas do que vai acontecer o tempo todo, mas ao mesmo tempo, o fluxo de informação constante na trama é tão grande que acho que a nossa própria mente nos engana a absorver apenas o que o precisamos saber naquele momento - e deixar o grand finale, bem... Pro finale. rs

Foi um livro que gostei muito de acompanhar e devo dizer - mais uma vez e com não tanto orgulho quanto eu gostaria - que essa história me fez relacionar a algumas situações com as quais eu passo. Matthew Quick sempre trás algo de real pra seus livros (por mais que a trama pareça improvável), os personagenms são cativantes - embora não de uma maneira tradicional; sempre existe um algo a mais além da psiquê deles e eu adoro ler sobre gente assim porque é de gente assim que o mundo é feito: gente cheia de dúvida, angústias, medos, curiosidades e aquela coisinha no fundo (aquela fé?), que faz com que não importa o que a vida tenha lhe dado, está sempre com essa esperança de viver. Essa esperança de que a vida vale a pena e precisa ser vivida!

Então, essa foi uma resenha bem singela e breve sobre o livro, até porque quero deixá-lo bem em aberto para vocês que ainda não leram (como foi para mim), porque eu espero mesmo que você tenha vontade de ler essa história e se surpreenda tanta quanto eu, A Sorte do Agora é realmente um livro espirituoso e que vai te arrebatar em momentos que você não estará esperando por isso! De Richard Gere a Dalai Lama, eu espero que a experiencia de ler essa história seja tão enriquecedora pra você quanto foi para mim.
Para mudar nossa vida, devemos primeiro reconhecer que nossa situação atual não é satisfatória.
parece que essa dica foi para mim...