Eu Li: Pobre Não Tem Sorte

Existe uma palavra para descrever pessoas como Mariana: loucas! Sério, eu comecei o livro sem saber muito sobre a personalidade da nossa narradora, mas fui pega por uma pessoa super engraçada e completamente maluca! Na verdade, a primeira impressão que a gente tem da Mari é que ela é uma louca deslumbrada! Ela parece uma versão pobre da lady Katy (sim, aquela que quer entrar pro High Society). Mari faz de tudo para aparecer na mídia – mesmo que da pequena Presidente Prudente no interior de SP. Ela está com 26 anos e prestes a se casar com o verdadeiro príncipe, Edu, que além de lindo, cavalheiro, estudioso e futuro médico, ainda é um gato. 

A narrativa do livro é diferente de tudo que já li. É como se estivéssemos sentados, batendo um papo com a Mari. Ela conta os fatos da vida dela, assim, como se fosse uma amiga narrando a semana para a outra e eu achei bem diferente. E vou dizer, a Mari tem cada pensamento... Ela faz/pensa algumas coisas que as vezes dão raiva! Em outros momentos eu super me identifiquei com os pensamentos Beckyonicos dela. A garota é VICIADA em compras... E ela não se contenta em comprar qualquer coisa, ela quer tudo do bom e do melhor! 

Mas a vida não é fácil, e bem, pobre não tem sorte, então, é claro que as coisas nem sempre saem como ela planejou. O problema da Mari é que esse pensamento dela de querer tudo, as vezes a transforma numa pessoa fútil e nós não conseguimos ver se ela consegue pensar algo além de 'bolsas, sapatos, roupas de marca, jantares caros e alta sociedade'. Ela parece o tipo de pessoa que acha que o mundo gira em volta do próprio umbigo e que não consegue viver sem ser 'aprovada' pelos outros – quanto a outros, entendam, as pessoas mais ricas. 

Mas apesar de todas as loucuras e algumas ações que é impossível não pensar WTH? ou então ter vontade de dar um tapa na cara dela e perguntar 'Querida!! Em que planeta você vive?' a Mari tem algo tão real, e algumas vezes ingênuo, que a gente tem vontade de abraçar e falar 'vem ser minha melhor amiga pra ver se eu consigo por juízo na sua cabeça oca'. Então mesmo com todo o nonsense, ela é cativante - e confesso, em alguns momentos rolou uma identificação com alguns pensamentos da Mari!

O livro todo é uma conversa, onde ela começa contando como começou a namorar Edu até o momento em que eles estão prestes a subir ao altar e então... Bem não posso contar! O legal é que apesar dessa personalidade louca-desvairada da Mari, é que, a duras pedras, ela descobre que a vida é mais do que 'o que os outros vão pensar de mim'. Além disso uma amiga aparece para ajudar a por alguma coisa real na cabeça dela, ao invés das ilusões que ela mantém... Amigos são tu-do! E eu realmente gostei do choque de realidade que ela leva!

PNTS é um chick-lit super interessante e o fato dele se passar no Brasil e ter um contexto bem brasileiro – com diversas referências a coisas que estamos acostumados – é um ponto extra. A Mari tem um senso de humor mega histérico e dramático e eu adorei. Ela também tem esse lado Becky, viciada em compras e que vive 'tentando de se enganar' com pensamentos que no fim ela sabe que não são certos! Realmente gostei da narrativa, das maluquices da Mari e das situações que ela passa por ser tão deslumbrada... O final foi super bonitinho e agora eu quero saber a continuação. Aposto que Mari ainda vai cometer muitas loucuras!

Ao entrar no hall do meu prédio de pronto ouvi um funk asqueroso ecoando pelos ares. E a medida que subia as escadas, seis lances para ser mais precisa, eu xingava mentalmente o infeliz que estava ouvindo tal obra prima da música popular brasileira. "Não basta ser pobre, tem que espalhar o mau gosto para todos ouvirem!". Filosofei.

Tá vendo? Tem como não concordar com essa ironia?

PS: Se você gosta de moda – como eu – você vai adorar ler as referências que Mari faz a diversas marcas – afinal, ela quer ser chique, e gente chique só usa marcas poderosas.