Eu Li: Perdida

Que complicado escrever essa resenha! Quem visita o blog deve saber que eu leio muito mais livros estrangeiros do que os produtos nacionais (acredito que grande parte dos leitores seja mesmo assim). Então imaginem ler algo que você percebe, logo no inicio, um tanto maravilhada 'nossa, como esse livro é fantástico! Que orgulho que ele é nacional!' – foi como me senti durante toda a leitura. Foi até engraçado porque eu lia as frases e ficava traduzindo pro inglês, quase automaticamente num pensamento 'no original devia estar assim... mas epa, esse é o original!' 

Perdida – Um Amor que Ultrapassa as Barreiras do Tempo (e esse sub-titulo diz muito sobre a história) é narrado por nossa protagonista Sofia Alonzo. Ela é uma jovem de 24 anos super acostumada a todos os benefícios e facilidades do século XXI. Mas a vida é uma caixinha de surpresas e depois de 'perder' o celular e precisar comprar um novo, ela é mandada diretamente para o século XIX – existe uma explicação lógica (aparentemente), mas estamos falando de um romance de ficção, então o como nem importa tanto! Assim, de uma hora pra outra, ela se descobre perdida dois séculos atrás e sem saber o porquê ou como voltar para casa. 

Assim que 'acorda', Sofia conhece Ian Clarke, um gentil cavalheiro que estava voltando de viagem e a encontra naquela situação 'inesperada'. Ele logo se oferece para ajudá-la e a abriga em sua casa/mansão. Lembrando que estamos no século 19 e as coisas não eram como agora! 

Eu amei a narrativa desde o principio! Sofia é muito atual e eu ando amando ler coisas em realidade brasileira. Bem no comecinho ela me irritou por ser moderna demais... Tipo (um linguajar bem Sofia), ela não conhecia coisas que eu cheguei a usar – sendo que ela é 5 anos mais velha que eu! Mas anyway.. A Sofia também demora a perceber algumas coisas que eu percebi assim que aconteceu, mas isso não a torna chata ou boba, achei a personalidade dela super bem desenvolvida e a entendi completamente (mesmo que não concordasse em alguns pontos). 

Ian, nosso cavalheiro na armadura reluzente é o príncipe que eu esperava que ele fosse e, depois de ler Perdida, eu – que estou muito feliz nesse século – não me importaria nada em voltar no tempo se fosse pra conhecer alguém tão gentil, amável, lindo, compreensivo e educado como ele! De toda a forma, apesar dos elogios, eu o achei bem real (para um homem da época). Tenha em mente a época!! Ele não é idealizado nem nada, só tem o comportamento esperado de um cavalheiro de dois séculos atrás - só que melhor! rs

Realmente gostei muito do enredo, de como Carina desenvolveu a história – que se passa em poucos dias, mas é tão bem ambientada que não parece falsa ou corrida. É uma leitura extremamente encantadora e agradável. E gostei de todos os personagens secundários – achei que ela não só se preocupou com o casal principal, mas também soube explorar os demais aspectos, tudo muito condizente com a época. 

O livro ainda é cheio de passagens divertidas! A Sofia tendo que se adaptar as coisas (ou a falta delas) no século 19, rendem ótimas passagens, até o linguajar dela é inadequado e ela sempre tem que explicar tudo o que fala. Eu fiquei me imaginando com o mesmo desespero que ela. Imaginem, não penso em viver sem computador, que dirá sem banheiro - que é algo tão banal para nós que não damos o devido valor ;) 

– Com fome? – perguntou depois de um tempo.
– Aprende uma coisa, Ian. Eu sempre estou com fome! – sorri, tentando aliviar o clima.

Sofia, numa das passagens com a qual eu mais me identifico!

Os momentos finais do livro são tão arrebatadores que eu quase tive vontade de arrancar algumas páginas do livro, desacreditada que aquilo podia mesmo estar acontecendo! Mas claro, ao final – mesmo – eu não pude deixar de ficar mais feliz porque aconteceu tudo como deveria (para mim). Eu chorei, gritei, ri... Enfim, não sou louca, mas fiquei louca por Perdida! 

– Pensei que não fosse possível, mas vejo que me enganei.  - ele disse, endireitando as costas.Fiquei confusa.
– Que não fosse possível o que?
– Pensei que não fosse possível que você pudesse ser mais adorável do que já é. Mas me enganei. - Ele explicou, sorrindo carinhosamente. – Fica ainda mais adorável quando esta preocupada comigo!

Ian, fofo como sempre, provando o porquê de despertar paixões não só no século XIX como nos dias atuais.

Leitura nacional mega recomendada, do tipo que me fez ter orgulho de ser brasileira (e isso é raro) – e ter esse livro escrito por uma brasileira. Perdida foi livro de booktour e eu mal posso esperar para comprar o meu (um emprego nessas horas viria a calhar) para poder ler sempre que sentir saudades. Carina Rissi tem tudo para abalar o cenário nacional e estou curiosa pelo que virá. O livro foi publicado pela editora Baraúna.