Eu Li: Delirium

Delirium é o primeiro livro distópico que leio (sei, estou atrasadíssima, mas whatever). Nele conhecemos Magdalena, nossa protagonista e narradora. Ela vive em Portland, e há 64 anos o amor foi identificado como uma doença da sociedade, amor deliria nervosa (esse nome me dá medo). E já faz 43 anos que desenvolveram a cura, e desde então, todas as pessoas dos EUA são 'curadas' ao completarem 18 anos. Lena tem 17 anos e mal pode esperar pelo aniversário para finalmente ser curada, mas ainda faltam três meses. Ela tem uma irmã já curada e casada e mora com a tia, o tio e mais duas primas. Todo o ambiente da história é muito interessante, pois tudo é controlado. Onde você mora, com quem vai casar, no que vai trabalhar... 

Meu sentimento pela Lena foi bem controverso porque eu simplesmente não conseguia aceitar que ela fosse tão conformada! Claro, eu a entendi, afinal ela nasceu e foi criada nesse tipo de realidade, então essa coisa do amor ser doença era algo que ela já tinha intrínseco, mas para mim isso é muito absurdo e eu queria bater nela – mesmo que ela só estivesse sendo 'como deveria ser'. Lena tem uma amiga, Hana que, ao contrario dela, é mais rebelde e apesar de aceitar as coisas, não fica presa ao que é imposto, e por isso eu gostei mais da Hana! A Hana é rica e linda e a Lena tem um leve ressentimento por isso, porque ela se sente uma garota-mediana perto da amiga maravilhosa (ah, me poupe). 

Eu não gosto de maquiagem e nunca fui interessada em roupas ou gloss. Minha melhor amiga, Hana, acha que eu sou louca, mas claro que ela pensaria isso. Ela é absolutamente maravilhosa - mesmo quando só enrola o cabelo loiro num coque desgrenhado no topo da cabeça, ela parece como se tivesse acabado de sair ao salão.

Eis que no dia da entrevista de avaliação que a Lena faz, acontece uma confusão no laboratório e ela vê, Alex. A confusão acontece porque mesmo dentro dessa sociedade existem os rebeldes – que não concordam com o governo, os excluídos – que vivem a margem, e os simpatizantes – que vivem entre os demais, mas aceitam as teorias rebeldes e as vezes ajudam a causa. 

Lena, a princípio, fica apavorada com as ideias tão liberais de Hana, mas depois de conhecer Alex, ela começa a sentir coisas que não deveria... Teria ela sido infectada? (ohhh). Então é a partir daí que eu comecei a gostar mais do livro. Eu entendi a Lena do inicio, mas não podia aceitá-la! 

E a coisa, a doença, está dentro de mim, pronta para a qualquer momento começar a trabalhar no meu interior, começar a me envenenar.

Alex foi o personagem que salvou o livro! Ele é o tipo adorável que SEMPRE sabe o que dizer, e tem frases pseudo-filosóficas para tudo (mas é lindo). Sem ele Lena seria uma chata do inicio ao fim e toda vez que ela estava com ele, me parecia melhor, sem contar que ela mudou bruscamente com a convivência e também aprendeu sobre o amor e que ele não é tão perigoso quanto a falta dele!

- Você não precisa ficar preocupada, okay? Você não tem que ter medo. – a voz dele está leve novamente – Eu não estou flertando contigo.
O constrangimento me varre... Flertando. Uma palavra suja. Ele pensa que eu penso que ele está flertando.
- Eu não, eu não acho que você estava, eu nunca pensaria que você... – as palavras colidem na minha boca e agora eu sei que não há escuridão que possa cobrir o vermelho do meu rosto.
Ele vira a cabeça de lado:
- Você está flertando comigo, então?
- O quê? Não! – minha mente está girando em pânico e eu percebo que nem sei o que é exatamente 'flertar' [...]
- Relaxa. – ele diz, segurando as duas mãos, num gesto tipo 'não fique brava comigo'. – Eu estava brincando.

Minha consideração final foi que eu gostei muito do livro, apesar de em alguns momentos a leitura ter me irritado por ter muita narração e pouco diálogo ou nos momentos inicias quando a Lena ainda era muito 'ah, não posso fazer nada errado'. Foi uma leitura que correu melhor e me deixou mais ansiosa pelo que viria a partir do meio do livro! A Lauren mantém o estilo que conheci em 'Antes Que Eu Vá' com aquela narrativa leve, com algumas passagens poetizadas, cheia de significados. 

Viva livre ou morra.
Ditado antigo, proveniência desconhecida, listado na 'Compilação Abrangente de Palavras e Idéias Perigosas', www.capip.gov.org

Outra parte interessante do livro são os inícios dos capítulos, onde temos citações de algumas coisas importantes para a sociedade. Eles tem um livro-base/guia popularmente conhecido como The Book of Shhh – The Safety, Health and Happiness Handbook (um excelente trocadilho, já eles são praticamente obrigados a viverem calados, sem contestar). Em alguns eu ria por ver como coisas que nós conhecemos, foram distorcidas para fazer parecer que o amor era realmente algo ruim! 

- Eles baniram a poesia anos atrás, logo depois que descobriram a cura. – ele pegou o livro de mim e abriu. – Gostaria que eu te lesse um poema?
- Vá em frente. – eu ri. - Não tente se esquivar.
Ele limpou a garganta novamente e começou a ler:
- Devo comparar-te a um dia de verão?
Eu fechei meus olhos e ouvi.

Mas não posso deixar de marcar aqui minha indignação pelo final! Sério, o fim foi terrível para mim. Terrível! Não que tenha sido ruim ou mal escrito. Os momentos finais são os melhores, tem muita ação e tudo o mais, mas o que aconteceu no fim me deixou muito chocada porque agora eu não sei bem o que esperar da continuação (Pandemonium). Só sei que ainda faltam muitas coisas para explicar! 

Definitivamente, Delirium é um livro lindo e que merece a leitura pois é interessante conhecer uma sociedade onde os valores estão tão distorcidos ao ponto de considerarem o Amor como doença e a falta dele como salvação da humanidade quando nosso pensamento atual é justamente o contrario! Acho que a Lauren foi muito bem sucedida em escolher esse tema e desenvolve-lo tão bem. Muito original! 

Amor: Isso vai te matar e te salvar também.

lindo ♥

Delirium foi um livro que tive a oportunidade de ler pelo booktour do Murphy's Library. É o segundo livro que leio da Lauren Oliver e ele será lançado pela editora Intrínseca por aqui.

Musíca: We'll Be a Dream - We the Kings ft. Demi Lovato

 *lembrando que todos os quotes são de tradução livre!