Eu Li: Óculos, Aparelho e Rock'n'Roll (How to Rock Braces and Glasses)

OARR é o primeiro livro da Meg Haston, lançado pela Intrínseca por aqui. Eu tenho essa mania de escolher livros pela capa, comentários e feeling, então tinha que ler! Estava pensando que seria um livro YA, mas na verdade, este livro é bem tween, que seria mais aquela nossa categoria de livros infanto-juvenil. 

O livro é narrado pela nossa protagonista Kacey Simon. Ela está no sétimo ano da escola e basicamente está no topo da pirâmide escolar. Kacey tem três fieis (?) seguidoras, ops, amigas. Vai estrelar um musical com o garoto dos sonhos e também comanda um programa de conselhos no canal da escola. A vida dela está perfeita até o dia que um problema a obriga a usar grandes óculos e outro a faz precisar de aparelho ortodôntico. Rapidamente tudo desmorona (rapidamente MESMO) e ela perde amigos, musical, programa, prestígio... 

No inicio do livro a Kacey é uma verdadeira mini-bitch! Daquele tipo mais detestável de pré-adolescente. O tipo que agradeço não ter conhecido. Ela é prepotente demais, superficial demais, teimosa demais. Um horror! Só não senti mais ódio porque ela é engraçada e isso ameniza a frieza com que ela trata os demais. Estava esperando outro tipo inicial de protagonista, achava que ela seria legal, mas não é assim. Na verdade, o estilo dos acontecimentos me fez lembrar Meninas Malvadas – Kacey é uma mini-Regina, muito maldosa e preocupada com a popularidade, sem se importar em ferir os outros. E como ela é mais nova, o livro também me fez lembrar 'Torpedo', um livro que li faz tempos. Mas fiquei feliz que se no inicio ela é um poço de futilidade, as coisas vão melhorando no decorrer. 

Ela e Zander  não tinham nada em comum. Tudo que eles podiam conversar era sobre como era um saco ter que esperar vinte minutos antes de lavar o cabelo depois de passar a tinta.

Assim que vira uma pessoa sem popularidade devido aos óculos e ao aparelho, que a faz ficar com a língua presa e falar tudo errado (tenso), Kacey recebe ajuda de uma velha amiga – que, aliás, é a personagem que mais gosto: Paige Green. Elas tinham se afastado depois que Kacey virou popular e Paige foi pelo outro caminho, mas mesmo assim, Paige aparece para ajudá-la a reconquistar o espaço que lhe foi tomado. 

E claro, a parte rock'n'roll se desenvolve depois que Kacey conhece o sr. Calça Skinny, guitarrista de uma banda que a chama para cantar e a ajuda com todo o drama ortodôntico. sr. CS também é um personagem querido porque amo personagens autênticos e que nadam contra a maré. Além disso ele é um rockstar (ok, menos, Evellyn) de cabelo azul e jaqueta de couro e eu fico bem groupie com isso! rs

Acho que o primeiro terço do livro é bem irritante por conta da Kacey e sua superficialidade, mas quando ela começa a andar com Paige e CS vai se tornando melhor, apesar de demorar pra mudar realmente. Às vezes dá vontade de enforcá-la para que ela entenda logo o que deve fazer, mas isso garante aquele momento epifania e isso é legal. É um livro bem dinâmico e fácil de ler. Acho que passei da fase, mas entendo todo o drama com coisas tão inoportunas como uns óculos ou não saber o que usar numa festa - é, ontem mesmo estava sofrendo com... Aliás, o livro todo se passa em menos de 3 semanas e fiquei meio nostálgica lembrando de como a gente vive cada drama-de-vida em um dia quando se é mais novo... Ah, não posso deixar de marcar que odiei o final! Não porque seja ruim, mas eu queria mesmo LER o que aconteceu e autora deixou a coisa no 'vocês sabem o que acontece'.. ai, ai..

Gostei do livro e da mensagem geral, apesar de achar que a realidade dele é bem mais comum nos EUAs do que por aqui. É só o tipo de comportamento que está mais relacionado aos adolescentes de lá... Também fico um pouco surpresa com a idade deles, que tem 12, 13 anos e já são tão independentes, tocam em bandas de rock, viajam, são ancoras de TV (ainda que da escola), usam saltos wedge... Sei lá, acho que na minha época não era assim e agora realmente vejo essas garotinhas de 12 anos tão ocupadas da vida... Com essa idade minha maior preocupação era não tirar menos que 9 nas provas e não perder um episódio de Cúmplices de um Resgate. 

Recomendo se você estiver querendo dar um tempo nas leituras com algo de reflexivo, queira uma historia divertida e rápida ou ainda queira presentear aquela sua prima pré-adolescente e de quebra passar uma mensagem de que 'é preciso ver além das aparências e tentar ser uma pessoa legal'. É realmente um bom passatempo.