Eu Li: Depois Daquele Beijo

Divertido. Essa seria a palavra para descrever esse romance de estréia da Rafaella Vieira. Ler DDB foi como passar um dia num parque de diversões! Eu esperava gostar do livro, mas não imaginava que fosse me divertir tanto com a narrativa. Foi engraçado, porque o livro é recheado de referencias e todas eram TÃO a minha cara que eu pensei que a Rafa pegou uma de minhas anotações e usou como inspiração! 

Nossa protagonista e narradora é uma garota de dezesseis anos que está no ensino médio (óbvio), Michelle. Ela reside em Recife e a trama se passa em Boa Vista. Mi adora escrever – é editora do jornal da escola – e ler. O ano escolar acaba de começar e é quando ela conhece Caterine – que acabou de se mudar para lá e é nova na escola. A vida de Mi corria bem, escola, amigos, algumas festas – não que ela fosse fã de badalação, mas depois da chegada de Cat ela percebe que algo ronda o ar. Num projeto de artes, onde Mi chama Cat para ser a protagonista do filme que ela roteirizou, as duas se aproximam e descobrem um sentimento mais forte que amizade.

- Sério Draco, existe um pouco de bondade em você?
- Muito pouca, na verdade.
- Como eu pensava

Mi, conversando com o personagem que ela compara a Draco Malfoy (leia para saber).

Eu gostei de como as coisas foram 'simples' para elas, sem todo o drama que geralmente envolve a relação de casais homossexuais com família a amigos. Bem, elas enfrentaram problemas, mas a autora não tratou isso de forma pesada e tensa, até porque elas tiveram apoio de vários amigos. Alias, entre os personagens não posso deixar de comentar a tia maluca de Mi, Jaqueline – uma francesa-brasileira que se comporta como adolescente e consegue chocar até a própria sobrinha e Renato. [parágrafo especial para ele] 

Ele é bem bonito, ou seria se não fosse meio poser. Tipo, ele é aquele cara que todo mundo olha quando passa e tem os cabelos loiros e olhos azuis, mas ele muda todo dia de acordo com seus próprios conceitos de estilo, que vão do pop ao rock, passando pelo metal e as vezes até emo. Não sei o que pensar sobre ele, mas a sua beleza com certeza é indiscutível.

- [...] A paixão continua, ela é eterna. Os garotos não. E eles tem uma tara esquisita pela mãe e objetos fálicos. Cara, nem Freud, nem as mamães deles para curar...
Bom saber disso. Minha tia estava no meio de uma viagem de cogumelos.

 #riamuito com a filosofia Jaque Maffre.

Renato é o bocó mais apaixonante de todos os tempos! Ele é um pervertido que não consegue falar uma frase sem alguma ironia, mas isso o torna adorável. Eu estou encantada em como a Rafa conseguiu criar um personagem em que TODAS as aparições tivesse algo de engraçado, até quando o assunto fosse sério. Juro que nunca mais vou ficar depressiva enquanto eu tiver Renato para me animar! O cara consegue falar mil bobagens, ser totalmente tarado e ainda ser um amigão – daqueles que perde o amigo, mas não a piada; além de não deixar de dar em cima de você, mas ok. Na verdade, os 3 (ou 4, contando Jaque) tinham os discursos mais espirituosos. Eu queria mostrar TODAS as falas de Renato aqui, porque ele é demais, mas tive que separar algumas: 

- Sem piadas, seu mamão.
- Você é um caso sério, garota radical!
- O quê?
- Você devia fazer parte de um clipe da Banda Cine.
- E você devia fazer parte de um circo. Vai, fala aí, palhaço.

#tendocólicas Tem como não rir com Renato na vida?

- Coloquei no Google: "onde mora a menina mais gata de Recife", daí apareceu seu endereço.
Uma vez idiota, sempre idiota.

- Fofocas da Escola da Pegação - Cat disse. - Nós estamos bolando um site. Tem algo de quente para a gente?
- Eita, na verdade eu tenho sim - ele se virou para mim. - De três coisas eu estou absolutamente certo: Primeira: sua tia é uma vampira e há uma parte dela que eu ainda não sei...
- Para com isso, seu idiota - eu interrompi dando uma tapa na cabeça dele.

[...] Essa eu não podia deixar passar.. Muahhaha

- Renato, por favor, dá pra deixar de babaquice?
- Mi, você não percebe que está pedindo o impossível? - Cat falou.

O livro todo é muito delicia de se ler. Eu nunca havia lido um livro brasileiro com essa temática (LGBTs), apesar de já ter lido livros desse tema, e achei muito boa a forma como a Rafa conduziu a história. É sutil até certo ponto e ela conseguiu passar super bem os sentimentos das protagonistas. É um livro bem fácil de ler, super adolescente, com linguagem fácil – lotada de referências – e que você lê num suspiro! Alias, esse é mesmo o 'problema' você lê tão rápido (porque o livro é pequeno) que acaba querendo mais! 

Eu recomendo a leitura porque é mega divertida, ágil, e com uma história e personagens realmente encantadores! A Mi é muito a minha cara (tipo mais reclusa, que gosta de ler e escrever), cheia de ironia -  e me lembrou uma amiga nesse ponto, a Jaque é uma maluca, o Renato um doido, a Cat uma fofa! Também desmarginaliza o relacionamento homossexual de uma forma leve, natural. Claro, se você tem aversão ao tema, não é a leitura mais propicia, mas se você tiver curiosidade e mente livre de preconceitos, vai fundo!

Realmente recomendo a leitura e eu abrirei um booktour para quem quiser ler também. Aguardem o post – que farei em vídeo para explicar melhor – e não deixem de se inscrever, pois o livro é diversão na certa! Alias, eu farei uma entrevista com a autora, quem tiver pergunta, deixe nos comentários (eu creditarei, obviamente).

Todos esses livros não são as grandes obras da literatura mundial, comprei porque gostei. Detesto essa coisa de dar uma de pseudo cult.

Mi, será que ela tirou do meu diário?

O livro agora tem um booktrailer, com a trilha sonora inspiração para o livro!