Eu Li: Girl in a Spin

Este é o segundo livro da autora irlandesa Clodagh Murphy e também o segundo que leio. Girl in a Spin é um chick-lit que se passa em Londres e traz uma história bem diferente. 

O livro é narrado em terceira pessoa e nossa protagonista é Jenny Hannigan, uma jovem órfã de 24 anos que trabalha como babá e está envolvida com uma importante figura política: Richard Allam, candidato a primeiro-ministro da Inglaterra. Richard é recém-separado e tem como assessor de imprensa Dev Tennant. Acontece que Jenny é jovem e tem um passado não tão politicamente-correto e agora Dev precisa dar um jeito de cobrir todos os possíveis furos que a impressa está louca para conseguir e fazer com que Jenny pareça mais conveniente politicamente falando não só ao partido como também aos olhos dos eleitores. 

Jenny é uma ótima protagonista. Ela é cheia de história. Ela é uma personagem carismática, do tipo que irradia alegria e contagia a todos - e olha que a coitadinha já passou por TU-DO na vida. Só a questão de ela ser órfã e ter passado a adolescência em lares adotivos já trás muita bagagem. Apesar desse passado triste, ela é forte, alegre, otimista e realmente um amor de pessoa, mas não daquela forma irritante e perfeitinha. Ela é cheia de contradições e problemas e mesmo assim é fácil se identificar e gostar dela. No fundo tudo que ela quer é formar sua própria família, ter seus filhos, um marido que a ame e ser feliz. Achei isso fofo porque apesar de tudo, ela mantém essa ingenuidade (que até parece infantil) e tem esse apreço pelas coisas simples (como se conseguir isso fosse simples.. enfim) da vida.

Richard foi um personagem que eu tive momentos. Logo no inicio não gostei dele – me pareceu meio egoísta, mas o fato de Jenny vê-lo com olhos tão positivos, fez com que eu gostasse dele. Mas não por muito tempo... 

Já Dev, começou simpático, ficou irritante e depois encantador. Dev é a figura masculina do livro! Ele acha um absurdo Richard trocar a estabilidade com Julia (a ex) por um romance sem futuro com Jenny e tenta a todo custo convencê-lo de que isso é um erro. Até porque isso só torna o trabalho dele mais complicado. Mas a confusão aumenta quando Dev se vê envolvido pelo 'magnetismo' pessoal de Jenny...

– Você é muito gentil. – ela disse, impressionada por sentir lágrimas ardendo em seus olhos.
– Não, eu não sou. – ele riu nervosamente.
– Você é sim. – ela confirmou.
– Bem, não conte a ninguém. Eu tenho uma reputação a zelar.

Apesar dos muitos acontecimentos, Clodagh consegue ser consistente e a historia não parece estar flutuando sem direção, com fatos aleatórios. Tudo é bem amarrado e os personagens parecem estar sempre ligados por um fato ou outro. Eu nunca sabia o que esperar pois a cada momento acontecia algo novo para fazer todas as minhas teorias em relação ao que estava acontecendo mudar (principalmente até o meio do livro).

– Eu te amo! – ele disse com raiva. – Aceite isso e ponto. 

O livro tem muitas passagens divertidas, inesperadas, quentes, fofas... Enfim, um livro bem completo que fala sobre diversos assuntos além do romance principal. Eu torcia pelo casal e a forma como tudo parecia só conspirar contra me fez sofrer! Ao mesmo tempo foi legal porque não era aquela coisa planejada, típica. As coisas não davam certo por um motivo válido, os personagens não tomavam atitudes contra-sua-natureza só pro livro acontecer. 

Acho que o que mais gosto nos livros da Clodagh é que ela consegue narrar sobre os personagens em 3ª pessoa e ainda assim consegue ser surpreendente e sempre trazer fatos novos dentro de coisas que achávamos já estar explicadas. Os personagens são tão humanos, tão cheios de erros-e-acertos que você realmente consegue acreditar que eles são reais. Eles são palpáveis e todos tem suas particularidades que os tornam únicos e bem caracterizados. 

– O que você irá dar a ele?
– Uma garrafa de uísque. – Jenny fez uma careta.
– O que? É um uísque muito bom - um single malt. Ele gosta de uísque.
– Um pouco sem graça, não acha?
– Bem, Jeremy é um pouco sem graça, então é perfeito pra ele.
– Que adorável. Você vai colocar isso no cartão? 'Vi isso e pensei em você, seu velho sem graça!'?

Eu me diverti muito e achei o livro super rico. Ele tem um enredo bem farto e muito bem desenvolvido. Apesar no núcleo principal girar entre esses 3, ainda temos Julia, Liam e Ollie, os colegas de apartamento de Jenny, e eles, assim como os demais personagens do enredo paralelo acrescentam um toque especial a história. E tem o final, que foi exatamente o que eu queria e nem por isso deixou de ser diferente do que eu conseguia imaginar. Foi fofo, lindo e perfeito e eu quase chorei de emoção porque eu estava torcendo pro casal.

Além do mais, sexo idiota e estúpido era uma dessas coisas que não deveriam contar - como calorias consumidas consumidas de pé ou na casa de outras pessoas.

Eu já havia gostado muito do primeiro livro da autora: The Disengagement Ring quando li, e após ler Girl in Spin só posso dizer que gostei ainda mais desse. Espero mesmo que alguma editora lance esse livro por aqui, é um chick-lit muito bom. Se você gosta de Marian Keys, procure ler!

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