Eu Li: O Verão Que Mudou Minha Vida (The Summer I Turned Pretty)

Eu conhecia esse livro há algum tempo, desde que encontrei a autora por conta do livro infanto-juvenil dela (Shug). Jenny Han tem o site mais lindo de autoras YA que eu encontrei. Quando a Galera anunciou o lançamento do primeiro volume da série fiquei bem feliz porque é uma série com admiradores lá fora. 

O livro é narrado por nossa protagonista, Belly Conklin. Ela está com quinze anos e sempre passou os verões na casa de praia da melhor amiga da mãe dela em Cousin's Beach. Belly sempre amou os verões e ansiava por eles o ano todo, quando ela ficava quase três meses com a mãe, o irmão, Suzannah e principalmente, os filhos dela: Conrad e Jeremiah. Os verões eram o que moviam a vida de Belly. 

Belly sempre foi a única menina da casa e por vezes se sentia excluída do grupinho que os meninos faziam, mas nesse verão as coisas estão diferentes. Todos eles estão crescidos e ela esta mudada. Ela está adulta, ela está bonita. O irmão de Belly, Steven, fica pouco tempo na casa, pois foi sair com o pai visitando faculdades. Conrad, o filho mais velho de Suzannah, por quem Belly sempre foi apaixonada, anda distante, agressivo e estranho. Jeremiah, o filho mais novo e melhor amigo de Belly, parece ser o único que ainda preserva as características costumeiras. 

Belly é uma boa narradora. Por vezes ela é um pouco imatura, principalmente em relação a Conrad, mas é compreensível (quem não fica meio estranha diante de um amor? A paixão nos deixa bem estranhos). Mesmo crescida, ela tem uns momentos de birra, mas isso não me incomodou e diante das situações, consegui entendê-la.

O Verão é um livro aparentemente leve, divertido, assim como o que se espera de um 'verão', mas ele é mais do que um livro bobinho sobre o verão e a transformação de um pato em cisne. Ele é sobre amadurecimento, sobre mudanças, sobre desafios, sobre a vida. Belly vê que não só ela sofreu mudanças físicas durante o ultimo ano, mas todos a sua volta também estão mudando. 

Aí ele pigarreou e disse: 

– Posso te beijar?

[...] Pedir deixava tudo mais formal; me colocava na posição de ter que dizer sim. Senti vontade de revirar os olhos, mas em vez disso falei: 

– Tá. Mas da próxima vez por favor, não me pergunte antes. Perguntar a uma pessoa se ela quer te beijar é esquisito. A gente só vai e beija. 

Que situação... Mas eu devo dizer que concordo, Belly!

O livro retrata situações completamente verossímeis e eu gostei muito disso. É algo que realmente poderia acontecer com uma adolescente, ainda mais nessa fase de mudanças. Belly narra o verão atual intercalando com momentos de verões anteriores e assim vamos conhecendo a dinâmica da casa, dos personagens e as mudanças que vem ocorrendo e como o passado afeta o presente do grupo. É um livro sutil e ao mesmo tempo, extremamente tocante por tratar de assuntos mais fortes, não tão comuns em livros para jovens.

Eu estava sentada na poltrona lendo Emma, principalmente porque achava que aquilo ia me fazer parecer esperta, não exatamente porque estivesse gostando. Se quisesse mesmo ler, teria me trancado no quarto e lido O Jardim dos Esquecidos, ou alguma coisa assim, não Jane Austen.

Hm.. algumas pessoas vão considerar isso uma heresia!

Gostei de como as situações, tanto as banais quanto as mais fortes (divórcios, doenças, drogas) foram tratadas. Jenny Han não fez um grande caso para falar de alguns tabus e isso é algo que eu admiro. Os personagens são bem caracterizados, tem personalidades distintas e os adolescentes tem um nível certo entre imaturidade e maturidade e acho isso importante porque a vida real é assim. Outra coisa que gostei foi que as duas adultas que aparecem no livro não tem aquele papel secundário de pais que aparecem só pra dizer OI. Elas são participantes importantes da historia. Devo dizer até que se fosse para escolher um personagem que me identifiquei seria Suzannah, a mãe dos meninos. 

– Por favor, não beije Belly à mesa - disse Jeremiah, fingindo que estava tendo ânsias de vômito, só para aumentar a dramaticidade da cena. - Está me deixando enjoado.

Mamãe assentiu para ele, e disse:

– Belly tem minha permissão para beijar - depois apontou com o garfo para o Cam. –Mas só isso, hein.

E depois desatou a rir, como se aquela fosse a coisa mais engraçada que já tinha dito na vida, e Susannah tentou não sorrir, dizendo-lhe que se calasse. Tive vontade de matar minha mãe, depois cometer suicídio.

#eurimuito. Sério, isso é tão adolescente! E lembrou muito meus pensamentos quando minha mãe fazia alguma coisa para me embaraçar...

O livro me fez rir em diversos momentos, mas também me fez chorar e eu já disse que não choro com facilidade. Mas o assunto em questão é algo que sempre me deixa sensível e foi inevitável. Tive até que dar um tempinho na leitura antes do fim para absorver tudo. Em relação aos meninos, são todos encantadores em sua própria maneira, mas eu tenho meu preferido!

Meu único problema é em relação ao final do livro. Achei que algumas coisas não tiveram o desenvolvimento explicadinho que eu gostaria. Mas de todo modo, acho que foi bom porque mantém a curiosidade do leitor e podemos imaginar como aquilo aconteceu. E claro, é um fim que praticamente chama pela continuação – que ainda não está disponível em português! Aliás, pelo nome do segundo livro e a sinopse que li, acabei pegando uns spoilers, mas estou SUPER curiosa pela historia completa. Então acho que é uma trilogia que vale a pena ser lida, ainda mais nesse clima de verão que estamos vivendo. Você vai ter vontade de viver um verão tão interessante quanto o de Belly (algumas partes).

A principio eu tinha achado que a tradução do título tinha feito o livro perder um pouco o encanto do nome original, mas lendo a história, esse titulo em português também serve bem, porque é o verão em que tudo começa a mudar! Outra coisa que não achei boa foi a sinopse contida na orelha do livro. É o tipo de sinopse que entrega grande parte do enredo e eu acabei lendo sem querer (porque não costumo ler sinopse, quarta-capa...) e fiquei com raiva porque descobri algo que não devia! Então minha dica é: não leia as orelhas!