Eu Li: Você Tem Meia Hora

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Mais um livro brasileiro na parada e como eu previa, o primeiro romance da Camila me encantou. Ultimamente vem sendo muito difícil escrever resenhas, porque é complicado escrever bem quando estamos tão tomados de emoções e eu gostei demais da história.

Você Tem Meia Hora é um chick-lit, então, como é de se esperar, ele tem os ingredientes costumeiros: uma protagonista divertida, várias situações cômicas, um pouco de drama e muito amor, mas o livro realmente me surpreendeu por se enveredar por outros caminhos – nem sempre habituais em livros do gênero. Eu curti demais a leitura. Pra começar, temos Bia, nossa narradora. Ela é ótima – e isso reflete a autora, que usa diversos recursos para tornar a leitura bem agradável. Achei o livro tão rico 'linguisticamente/culturalmente' – nada daquela coisa clássica e incompreensível – o livro é um prato cheio de referências que vão de Amy Winehouse a Lady Gaga, de Tarantino a Valentino, de Gugu a dr. Dráuzio Varela (e eu realmente amo referências).

Como eu expliquei no release, Bia é aeromoça comissária de voo e está chegando aos 30 (uma idade bem marcante para as mulheres). Ela tem uma vida estabilizada, um namorido lindo e maravilhoso, mas que repentinamente a abandona – na véspera da virada – e Bia se vê numa situação de total desespero, sem saber mais o fazer, já que tudo que ela achava estar encaminhado em sua vida, de repente vai pelo ralo. Mergulhada numa profunda depressão, quem a salva é a amiga Mariana, que a convence a se inscrever para uma vaga na nova sede da empresa em Londres (amor).

Será que "Pá" vinha de Palito? Ou de Papel? Ou de Parede? Ela tinha olhos azuis turquesa e cachos tão perfeitos quanto um fio de telefone, aquele tipo de cabelo cacheado espetacular que Deus só concedeu à duas pessoas nesse mundo: Sarah Jessica Parker e Pá.

Só rindo com as ideias da Bia.

Em Londres, Bia passa a dividir um apartamento com um antigo amigo, a malôca do Olli. Olli é brasileiro, maquiador, ácido, super gente boa e gay! Só pra não fugir do meu costume, adorei-o e o achei o personagem mais louco e divertido – além da própria Bia. Na área handsome guys, temos o ex, Arthur – um cara que eu até gostei a principio, mas só até conhecer a figura apaixonante de Dyllan. Mari é *A* amiga e a amizade das duas é algo tão lindo que senti saudades de amigas com quem não falo há um tempinho. Gostei realmente de todos os personagens – e são muitos – o núcleo brasileiro, o núcleo do trabalho, os amigos... Uma amiga muito legal e companhia constante de Bia é Pá (eu estou até agora tentando saber que nome é esse!). Olli, Bia e Pá protagonizam cenas hilárias por Londres!

- É que vocês confundem o homem-gay com o gay-homem.
- Hã? - eu e Pá não entendemos nada, mas podia ser também nossos neurôneos com a capacidade já meio comprometida.
- Eu por exemplo, sou um gay-homem, mas está cheio de homens-gay por aí. - Olli ilustrou...

Olli, numa de suas frases que me fazia rir escandalosamente e devo dizer que concordo.

- Sua coleção está divina! - Olli elogiou. - Cheia de personalidade!
- Parabéns! - Pá jogou mais confete - Tudo muito contemporâneo e inspirado.
- Pois é, eu apostei numa simplicidade complexa.
Hã? (Bia, comentando exatamente o que eu pensei.)
- Isso ficou claro na simetria e nas estampas que você usou. Seu desfile foi magistral, bem conceitual. - será que Olli estava zoando da cara dele?

Concluí que para uma história que não ia a lugar nenhum, aquela já tinha ido longe demais. Na categoria das 'coisas a serem evitadas', botei Dyllan no mesmo patamar que um Big Mac, ou seja, terminantemente proibido. 

O enredo do livro é muito bem desenvolvido, nós tomamos conhecimento não só da vida atual de Bia como do passado e eu gostei da construção da personagem. Apesar da maior parte do livro ser bem descontraído, ele também conta com partes bem tensas e, se houve passagens que eu tinha cólicas de tanto rir, em outras eu funguei e gritei de tanto chorar. Não posso deixar de citar também o pai de Bia, ele é um personagem bem importante em determinado momento e adorei ver a relação dos dois.

O ritmo da história é ótimo. Claro que a fase down de Bia me deixou meio mal porque ela estava mesmo arrasada e martelava a mesma coisa o tempo todo, mas a entendi; acho que quando estamos apaixonadas – ou pensamos estar – as coisas realmente parecem mais fortes e uma gota d'água vira tempestade. Mas com a ajuda de Mari e depois que ela decide que tá na hora de superar e seguir em frente, as coisas começam a fluir bem melhor – sem contar que a mudança para Londres faz TUDO ficar mais divertido.

- Oi. Será que você tem um pouco de café para me emprestar?
Olhei para a parede, na direção do relógio. Eram quase três da manhã.
- Café? - questionei com estranheza - Você vai tomar café agora?
- Não, mas não consegui arranjar outra desculpa para vir bater na sua porta uma hora dessas.

♥ Dyllan

Bia passa por cada coisa... Algumas situações muito constrangedoras, outras bem dramáticas, e eu terminei o livro com uma sensação tão boa, um tipo de lição que mostra que o universo não conspira contra nós e sim a nosso favor, mas nós precisamos querer mudar para que as coisas fluam. Realmente gostei de tudo no livro, das loucuras, do drama, do romance... É um livro 'completo', que faz você viajar por diversos sentimentos e sensações!

Só não vou dar mais detalhes porque seriam spoilers e o livro tem tantas surpresas que é melhor assim, os quotes podem dar uma ideia. O final do livro é lindo mas e ler o epílogo só me fez querer que tivesse mais história pois eu adoraria saber como continuou a nova fase da vida de Bia!

Você tem Meia Hora é um romance imperdível! O livro está em pré-venda e o lançamento oficial será no dia 3 de setembro na Bienal do Livro dos Rio de Janeiro. A autora, Camila Nascimento Silva, estará no estande da Subtítulo.

Agora toda a vez que eu ouvir Vambora vou me lembrar do livro!!

Alias, pra você que lerá (ou leu), meu comentário: capítulo 57! Eu realmente me debulhei em lágrimas...