Cidades de Papel é o terceiro livro que leio do querido (ou não) John Green, e também o terceiro lançado pela Intrínseca por aqui. John Green é um daqueles casos de autor que eu particularmente não AMO, mas faço questão de ler tudo que posso pois gosto do estilo de escrita, e com isso quero dizer que acho sempre que ele escreve coisas interessantes, mesmo quando não concordo com alguma coisa.
Cidades é narrado por Quentin Jacobsen, nosso protagonista que esta vivendo seus últimos momentos no ensino médio. Quentin tem dois melhores amigos e eles formam meio que um grupinho nerd (alô nerdfighters), mas sem todo o drama com bullying. Q. também nutre uma paixão platônica por sua vizinha e colega de escola Margo Roth Spigelman, que foi sua amiguinha durante a infância, mas eles acabaram perdendo o contato. Margo é basicamente a garota mais popular da escola, tem um namorado igualmente popular e amigos populares (já sacaram o lance?).
Pois tudo ia bem na vida de Quentin (?) até que em uma noite qualquer faltando algumas semanas para o fim das aulas, Margo Roth Spigelman (sério, o nome dela preciso ser escrito assim, mas vou abreviar das próximas) aparece toda camuflada no quarto de Quentin e o requisita para uma ‘aventura’ – que ele obviamente acaba aceitando, apesar do receio. Eles passam essa madrugada em ‘missão’ e Q. acha que eles finalmente voltaram a ter algo em comum, mas o que acontece é que MRS não aparece na escola no dia seguinte nem nos demais e com isso, Quentin se vê incumbido de descobrir o paradeiro da garota.
O livro é dividido em três partes e acho que essas partes são bem distintas, não só pela fase da história como também pelo modo que a narrativa acontece. Comecei o livro curtindo bastante Quentin e seus amigos, Ben e Radar. Os três formam um trio legal e adorei a personalidade deles. Ben me lembrou muito Howard Wolowitz (TBBT) e Radar é tipo o cara da computação, que tem um site e vive mexendo nisso... Ele me lembrou meus amigos da época do técnico em Info (ok, próximo). A primeira parte é basicamente falando sobre a escola e essa aventura de uma noite e apesar de achar MRS uma besta, até curti o momento.
A segunda parte da história foi extremamente maçante ao meu ver. É quando MRS some e acho que nesse momento o livro entra numa parte muito introrreflexiva (Quentin entra) e achei bem chatinha. Demorei muito tempo lendo e por ser a maior parte do livro, achei que ele perdeu um pouco em dinamismo ai. É quando Q. está procurando pistas e descobrindo qual pode ser o paradeiro de MRS. Na verdade, achei bem chato todo o drama envolvendo o desaparecimento e essa parte achei Q. particularmente irritante com toda a vontade achar MRS. Ele fica meio obcecado, só quer fazer isso e concordo com os amigos dele! Também existe algo relacionado a um poema e achei isso ainda mais estressante. Interpretar poemas deveria ser proibido, é tão particular e, sinceramente, não me interessa a sua interpretação. Senti como se John Green quisesse que a gente conhecesse o tal escritor e o tal poema e achei isso tão... forçado.
É muito difícil ir embora – até você ir embora de fato. E então ir embora se torna simplesmente a coisa mais fácil do mundo.
Passei tanto tempo nessa parte, que estava bem inclinada a dizer que não havia gostado desse livro, mas aí veio a parte três, que basicamente envolve uma Road Trip e foi a parte que mais me divertiu em toda a história porque 1) É uma road trip 2) É quando as amizades se fortalecem 3) É dinâmico e divertido e eu precisava disso. Dei umas boas risadas enquanto lia porque tem cada situação muito hilária!
Lacey é nossa gerente de recursos. [...] A função de Radar, que ele começa a executar com a calculadora do tablet, é Pesquisa e Cálculos. [...] E este é meu papel: dirigir e ficar nervoso. [...] E Ben? O papel de Ben é precisar ir ao banheiro.
– Eu preciso ir ao banheiro. - diz ele, menos de uma hora após o inicio da viagem.
Me solidarizei muito com Ben porque numa road trip (ou qualquer viagem),
eu SEMPRE sou a pessoa que precisa ir ao banheiro (e beber água)!
Ouso dizer que eu leria a história toda só por essa parte e após finalizar a leitura consegui entender o porquê: apesar de Margo Roth Spigelman ser o motivo para tal viagem acontecer, ela não aparece tanto quanto nas demais partes (não só a presença física, mas pelo fato de Q. não falar tanto sobre ela). É, eu achei a garota uma mala sem alça e sem rodinhas. Tentei entender a personagem, mas não concordo e acho que ela só é uma garota mimada e egoísta, que só pensa nos próprios dramas. Sabemos que Quentin está nessa por ela, quer encontrá-la e tudo mais, mas acho que a presença dos amigos e toda a dinâmica envolvida tornam as coisas bem melhores do que na parte anterior, da busca solitária dele - e acho que sem tanta divagação sobre MRS a história flui melhor (!).
Minha palavra final sobre esse livro do John Green é que ele definitivamente está em 3º lugar na minha lista, não por ser ruim, mas porque realmente não consegui me envolver com a trama principal (Quentin em busca de MRS). No entanto, as tramas paralelas, fora do foco Margo Roth Spigelman, me agradaram bastante e como eu disse, tem a road trip que faz tudo valer a pena. Esse livro ganhou o premio Edgar Allan Poe por melhor YA, particularmente, não acho essa coca-cola toda, mas talvez seja só porque não curto essas coisas muito pseudo-reflexivas e fiquei exatamente com essa impressão sobre as motivações gerais do sumiço de Margo e a busca de Quentin.
Acho que se você gosta do autor, deve ler. Eu tenho meio que uma admiração não admitida por JG (ops) por tudo que ele já conquistou e acho que sempre vou querer ler o que ele escreve, nem que seja pra saber o porquê de tanta adoração. Apesar de paradoxal, não me envolvi com a trama principal, mas acho que algumas partes e algumas mensagens da história valem a pena ser lidas.
Ahhh, alguém além de mim ficou encucado com aquele final??? Minha nossa, estou irritada até agora.
– O para sempre é composto de agoras. - diz Margo. Não tenho nada para refutar isso; fico só assimilando a frase quando ela continua: – Emily Dickson. É sério, tenho lido muito.
ao menos serviu pra alguma coisa...
Ahhh, alguém além de mim ficou encucado com aquele final??? Minha nossa, estou irritada até agora.