O livro de estréia de Daniela Niziotek é forte. E quando eu digo forte, me refiro a algo realmente pesado, não de forma dramática, mas de forma extremamente tensa e emocional. Como o nome sugere, o livro fala sobre rock, drogas e paixão acrescente sexo e você saberá onde está se metendo. PDRR, se passa nos anos 90 e narra a história de paixão entre Vicky, uma garota de 18 anos que acaba de entrar na universidade e um rockstar por seu comportamento destrutivo, Brian Blue, líder da banda Fears – aproximadamente 10 anos mais velho. Os assuntos abordados no livro são 'polêmicos' (vamos chamar assim) e tudo é tratado de forma muito explicita, sem rodeios, visceral.
Os dois se conhecem quando a banda vem fazer um show no Brasil e logo surge uma paixão intensa, que os leva a extremos inimagináveis. Brian é um cara excêntrico, com um comportamento típico dos astros do rock dos anos 90 – e tenha em mente a época em que se passa o livro. Ele tem uma historia de vida bem tensa e isso se reflete na forma que ele lida com a fama e as situações vividas. Ele parece arrogante a principio, mas é só porque nunca teve alguém que o contrariasse...
- Eu venho ver você. Eu tenho um avião a minha disposição, isso não é problema. Quando estiver se sentindo mais segura, pode ir pra lá também. Está tudo bem.[...] Ela estava ultrajada! Resolveu jogar a sua ultima carta.- E eu não vou transar com você! – ela disse num tom desafiador.As sobrancelhas dele se uniram e ele se levantou. [...]- Você é realmente impossível, sabia? – era mais uma manifestação de carinho do que uma queixa de verdade.- Mais do que você imagina! – ela desafiou novamente.- Eu espero – ele disse tranquilamente.- Você o quê!? – Ela estava incrédula.- Eu espero por você. Acho que é justo que seja cautelosa, mas não precisa ter tanto medo. De qualquer forma, eu posso esperar. Vai acontecer a qualquer momento mesmo.
Vicky, embora nova, enfrenta as coisas de forma tão madura que você pensaria que ela já teve muitas experiências de vida – e ela não teve. Eu a compreendi completamente, mas me peguei pensando se no lugar dela eu teria espirito para suportar o que ela passou. Se bem que, considerando o estado em que ela se encontra (paixão, amor – acho que denominações aqui não fazem diferença), talvez eu fizesse exatamente o mesmo. Realmente gostei muito dela, ela é surpreendentemente forte e perspicaz pra alguém tão jovem e não acostumada a vida louca de um astro do rock.
A relação entre os dois é extremamente conturbada e passa por muitos altos e baixos – muitos. Eu gostei muito deles e realmente torci pelo casal. Também gostei de todos os outros personagens – tão problemáticos! – e o livro me prendeu do começo ao fim (Comecei a ler o livro às 2 da manhã e quase não dormi para terminar – e acredite, isso NUNCA acontece comigo. Eu iria ler só um capitulo, e acabei lendo ate a metade!). Fiquei realmente sensibilizada com todas as situações e angustiada junto com Vicky e Brian. Também achei os diálogos tão... dinâmicos. O livro todo deixa aquela sensação de apreensão! Mas também há os momentos de descontração e humor (sim).
- Onde está Brian?
- Eu não sei. – ela respondeu mal-humorada.
Ele riu de novo.
- É insuportável, não é?
- O que?
- Quando todos perguntam: Onde está Brian? Não perguntam como você está e nem dizem olá, apenas onde está Brian. As vezes tenho vontade de tatuar na pele: Eu não sei onde Brian está.
Desta vez vez ela riu, divertindo-se com aquela figura estranha.
Esse não é o tipo de livro que eu recomendaria para você emprestar para sua prima pré-adolescente ou para sua avó (certamente ela ficaria chocada). Embora eu super recomende o livro por ser uma leitura muito interessante, você precisa ter a mente muito aberta e uma cabeça muito boa para entender o livro e não julgá-lo mal. Você precisa entrar na história e viver o contexto dos personagens, a realidade deles, para conseguir compreender tudo o que acontece sem ficar apavorado.
PDRR não é um livro 'fácil de digerir', aceitar ou compreender, mas se você se adaptar a esses pontos poderá gostar tanto quando eu. A minha dica é não ficar impressionada com as cenas fortes que você lerá. E também acredito que se você tem convicções religiosas ou morais muito restritas e inflexíveis, não será seu melhor tipo de leitura, pois o livro é bem contraditório. Ele é denso, tenso, despudorado e até um pouco depressivo. Incrivelmente, isso só me fez admirá-lo mais (embora eu não seja uma tresloucada). Acho que a autora conseguiu ser de uma sensibilidade – minha opinião – incrível, retratando algo tão forte. Eu consegui me colocar nas situação mesmo sem viver – nem de perto – situações parecidas (e nem gostaria, pra ser sincera).
Eu já sabia o que me esperava ao começar a leitura, mas fui surpreendida por um enredo diferente de tudo o que já li. Achava o assunto interessante, mas ler sobre isso de uma forma tão explicita me deixou realmente aflita, ansiosa, curiosa! Para muitos, pode incomodar a aparente rapidez com que as coisas acontecem, mas como eu expliquei, é um livro intenso e a velocidade da narrativa serve para mostrar o quanto as coisas são agitadas na vida dos protagonistas. Acho também que a diagramação pode deixar os mais exigentes um pouco confusos, já que muitas vezes os cenários mudam sem ter uma 'separação' certinha. É tudo rápido e de um parágrafo para outro tudo pode se transformar.
Terminar a leitura foi um choque. Eu já estava esperando por tudo (e você deve esperar), mas a tensão final foi tão forte que eu quase me descabelei. Na verdade, apesar do fim ter me deixado desolada, eu acredito que tenha sido o final perfeito, perante tudo o que aconteceu. O livro me deixou de uma forma que eu penso em relê-lo e omitir o fim, só pra poder fazer o meu happy ending, pois em muitos momentos eu tive vontade de mudar o que estava acontecendo!
Sinto muito galera, acho que minha resenha não passou nem 10 % do que eu realmente senti com essa leitura, mas eu fiz o máximo para tal. Se tiverem coragem e/ou curiosidade leiam, é interessantíssimo!