Minha Vida Agora é um livro da Meg Rosoff, que na capa tem uma citação do 'The Observer' que diz 'Poderoso e envolvente, um futuro clássico' wow! Fiquei curiosa né?! Mas infelizmente não senti esse envolvimento prometido e isto foi um problema.
O livro é narrado em 1ª pessoa pela nossa protagonista Daisy. Ela tem 15 anos e acaba de chegar à Inglaterra, para morar com a tia e os 4 primos. Daisy tinha problemas de convivência com a madrasta em NY, e o pai acha que seria uma boa mandá-la para uma temporada fora, ainda mais agora que a mulher está grávida e Daisy não parece empolgada com a chegada do irmão.
Então Daisy chega e é recebida por seu primo Edmond, que ela nunca vira, mas sente uma conexão instantânea já que ele parece sempre saber o que ela está pensando. Na grande casa de fazenda, ela se sente acolhida pelos primos, Isacc, gêmeo de Edmond, Osbert, o mais velho, Piper, a mais nova; e pela tia Penn.
Acontece que eles vivem poucos dias de paz e tranquilidade, a tia vai a Noruega trabalhar e nesse meio tempo uma Guerra explode no mundo e as 'crianças' acabam ficando sozinhas e tendo que cuidar uns dos outros. A principio, nada muda radicalmente na vida deles e Daisy até curte o momento-sem-adultos. No inicio ela até parece indiferente à guerra e isso é meio 'como assim?' Ela não parece se preocupar muito com o que acontece 'no mundo exterior' enquanto está a salvo. Com a casa só pra eles, nossa protagonista acaba se envolvendo num caso de amor com Edmond. Esse casinho deles é uma das coisas que acho mal explicada, parece rápido demais, incoerente demais. Ela fica falando que está fazendo muito sexo e tudo mais, mas eu me pergunto se era realmente isso ou algo da tradução. Quer dizer, é tão estranho a forma que ela descreve a situação!
Vamos tentar entender que cair na servidão sexual e emocional com um parente consanguíneo menor de idade não estava na minha lista de Coisas Para Fazer enquanto estivesse visitando a Inglaterra.
Uma das coisas que me incomodou foi isso: ele parece um desses livros tipicamente adolescente, com uma capa fofinha, uma sinopse que não diz muito e te deixa curioso. Mas quando você lê é um livro intenso e forte demais. Acho que entrei em conflito psicológico!
Outra coisa extremamente incômoda é o estilo da narrativa. Não existe diálogos diretos, separados da forma tradicional (travessão ou aspas). É tudo misturado no meio da frase e acho que isso torna a leitura cansativa e um pouco confusa até você se acostumar. É o tempo todo a Daisy narrando o que os outros dizem, mas sem nenhum tipo de separação – até rola uma letra maiúscula no meio, pra indicar que foi fala, mas a falta de separação entre pensamento de ação confunde!
Voltando a história; chega um momento em que a Guerra fica tensa e eles são separados. Aí sim começa o drama! Daisy e Piper são levadas pra longe dos meninos, depois começam uma peregrinação pelo país de volta para casa e a coisa toda fica muito triste. Claro, é uma guerra, mas me senti ludibriada! Quero dizer, fui ler o livro esperando outro tipo de coisa e me deparo com toda esta miséria humana, desolação, guerra, mortes... Não imaginei que seria uma descrição tão intensa e cruel de uma guerra. Digo, são crianças! Não é como um livro do Nicholas, com caras do exercito e tal.
O outro ponto incômodo (nossa, pareço uma mala com tanta incomodação, mas é o que tem pra hoje) é que nunca é citado exatamente o ano em que se passa. Acho que foi um jogo da autora porque torna a coisa toda atemporal. Nós sabemos que é atual porque existe eletricidade e internet, mas em alguns momentos parece que eles vivem em 1960! Acho que isso é porque eles estão na roça - e na guerra, mas me deixou cismada!
Ahh claro, preciso finalizar minha epopeia com este livro. Como se o drama da guerra não fosse o suficiente, nossa querida Daisy ainda tem DA(distúrbio alimentar)! E oh gosh, isso é tão irritante!!! Sério, livros específicos sobre DA já me dão nos nervos, quando a coisa ainda é inserida no meio de outras fico ainda mais nervosa! Tenho vontade de dar uns tapas nesse tipo de gente (meu passado me condena, é isso). Mas o que me irritou mesmo é que ela é uma SONSA! Sabe o que tem e fica falando como se fosse nada demais. Assim, em NENHUM MOMENTO é citado aquela palavra com -A- ou com -B-, muito menos DA ou TA, mas fica muito óbvio pelos acontecimentos. Argh!
Depois de algum tempo eu estava me sentindo bastante trêmula e disse à Piper que tinha de me deitar um pouquinho e ela franziu o cenho para mim e falou Você precisa comer alguma coisa porque está magra demais e eu disse Jesus, Piper, não comece, é só jet lag e ela pareceu magoada mas Deus, esse disco arranhado é uma coisa que eu não preciso ouvir de pessoas que mal conheço.
Tentei comer um pouco mais para Edmond parar de olhar para mim daquela maneira e depois de mais ou menos uma semana ele até falou que eu parecia melhor, com o que eu tenho certeza de que quis dizer mais gorda então diminui um pouco depois disso.
[Veja se isso não é um pensamento tipicamente de gente doente? Mas enfim, pelo menos a guerra e toda miséria serve pra dar um jeito nisso!]
Minha palavra final é que é um bom livro. Só não tem o tipo de história que eu goste de ler... É pesado demais, me sentia triste de ter que lê-lo - sabe, aquele desanimo de quando você faz algo sem prazer? Tem algumas passagens interessantes e que eu marquei (marquei mesmo, no livro), mas no geral achei denso e me sentia melancólica com a leitura. O que mais me irritou foi que me senti enganada mesmo. Eles 'vendem' o livro com uma proposta e você vai ler, é outra coisa! Nem é um livro recomendado para crianças - apesar de ser sobre elas.
Não sei se ele se tornará um clássico no futuro, mas se assim for, estou feliz de ter lido porque preciso de mais clássicos na minha lista. De todo modo, apesar de ter achado algumas partes interessantes, tudo que citei, faz dele um livro que não tenho vontade de reler e incrivelmente não me senti apegada o suficiente para querê-lo para sempre em minha estante. Então, no intuito de liberar 1 cm (eu medi) de espaço na minha estante-quase-empenada, vou sortear o meu exemplar para que outra pessoa possa ler, conhecer, e quem sabe se encantar mais pela história – e você ainda poderá ver minhas marcações (ohoho - estão a lápis, você pode apagar sem danos a beleza estética do livro).
Só comentar aqui na resenha (POR FAVOR, LEIA) e seguir o necessário.
[Até dia 10 de Novembro]
Boa Sorte!