Eu Li: Perdão, Leonard Peacock (Forgive Me, Leonard Peacock)

Perdão, Leonard Peacock é o segundo livro de Matthew Quick lançado pela Intrínseca e o primeiro livro que leio do autor. Esse é o 4º livro do autor e eu não sei como ele era no primeiro livro (O Lado Bom da Vida), mas realmente adorei o Matthew que conheci nessa leitura.

Vou começar a resenha me explicando. É difícil, para mim, escrever sobre esse tipo de leitura, por diversas razões. Acredito que de modo geral, esse seja mesmo um livro com um conteúdo complexo de se discutir e isso já torna qualquer tipo de avaliação mais complicada. Particularmente, tenho altos e baixos com o tema, então, foi exatamente assim que me senti enquanto lia, lidando com altos e baixos, enquanto conhecia a história narrada por nosso protagonista Leonard Peacock.

Vamos àquele resuminho básico e sem spoilers sobre o enredo: Leonard é um adolescente que acorda numa manhã qualquer (ou não exatamente) e decide que vai matar um ‘colega’ de escola e então se suicidar. Mas ele tem um plano e antes de cometer o homicídio-suicidio ele precisa se despedir de 4 pessoas que considera importantes em sua vida.

Então, Leonard sai de casa rumo a escola e durante o dia, vai encontrando essas pessoas que precisa se despedir e também nos conta em que situação conheceu a pessoa e como o relacionamento entre eles se desenvolveu nesse tempo. Uma coisa interessante durante a narrativa é que o autor usa muitas notas de rodapé pra nos explicar a história. Eu costumo gostar muito de notas de rodapé, mas teve um momento logo no inicio que elas começaram a me irritar porque algumas são realmente longas (ao ponto de se estender por uma folha inteira). Isso foi só no inicio, porque, mal ou bem, as notas nos obrigam (pelo menos eu sou assim) a parar a leitura pra saber o que contém nela e como isso estava muito recorrente, me deixou nervosa. Mas depois de um tempo, você acaba se acostumando com as interrupções, afinal, são 70 delas! Esse recurso, me lembrou John Green em seu Teorema Katherine (que adorei as notas). Alias, por esse mesmo motivo, a escrita de Matthew me lembrou bastante a de John, pois ambos usam esse recurso para nos deixar a par de fatos da história. As notas deixam as interrupções marcadas e ao mesmo tempo deixa o leitor decidir se quer saber mais ou não (eu recomendo que você leia no momento certo porque as notas estão lá para isso!).

Foi um livro que li muito rápido e absolvi muito da história. Adoro quando isso acontece! Ele tem uma narrativa e um enredo que nos faz querer saber mais e não da vontade de parar. Gosto quando consigo ler muito sem cansar – e considerem que a trama desse livro não é fofinha nem nada do tipo – então dou todos os méritos ao autor, por conseguir escrever algo tão pesado e ainda assim com tamanha leveza que a gente consegue ler de uma vez só.

Agora vamos aos fatos sobre o livro. O protagonista é um adolescente um tanto quanto perturbado (lógico, ele quer matar e se matar) e eu tenho problemas pessoais com gente que quer se matar (e também com gente que mata, mas acho que vocês entenderam). Acho que é uma coisa muito radical e minha religião não permite por mais que eu seja compreensiva não consigo aceitar. Digo, ele tem seus motivos e lendo você consegue entender, mas eu não aceito e ponto. Como já vimos na TV, nos jornais e em outros livros do tipo, basicamente o motivo é o bullying e isso é outra coisa que me irrita ao ponto de me deixar irracinal e sem vontade de me explicar. Achei a ideia de Matthew fantástica, mas a leitura me faz pensar em quantos outros adolescentes fazem realmente esse tipo de coisa porque realmente passam pelas situações que o garoto passa e isso me deprime1.

Eu entendi que ele passou por coisas que ninguém deveria passar na vida e posso ser insensível por não aceitar, mas teve um momento do livro – e foi no momento que li aquele trecho, que estava pensando exatamente como um colega diz a ele:
Problemas de Primeiro Mundo. É isso o que você tem.
E eu estava sentindo exatamente isso, o que é totalmente paradoxal, porque eu já tive um tipo de problema que as pessoas poderiam pensar exatamente assim de mim e no entanto, eu superei e a vida é assim. Então eu fico muito P-da-vida com gente assim (que acha que tem o-maior-problema-do-mundo) e ao mesmo tempo, super compreendo porque para quem vive, sempre temos o-maior-problema-do-mundo. Então essa leitura me deixou assim, com esses sentimentos paradoxais e pensando muito sobre a vida que eu levei/levo/levarei.

É interessante notarmos os relacionamentos que Leonard tem com as pessoas que quer se despedir. Ele as considera importantes na vida dele, mas acho engraçado/trágico que algumas delas realmente não o veem com toda essa consideração. 

Meu personagem favorito do livro é Herr Silverman, sem nenhuma dúvida. É aquele tipo de personagem que dá orgulho de ler, e me faz ter vontade de agradecer o Sr. Quick por tê-lo escrito. Além disso, o cara é um professor numa escola pública americana e isso me enche de orgulho! Gosto de imaginar que existem muitos desses professores por aí. Do tipo realmente bons e interessados e que MUDAM seus alunos. Entrou pro meu TOP 1 de Melhor professor dos livros que já li.

Eu não chorei. Confesso que cheguei perto em um momento no final, em uma passagem relacionada não só ao protagonista, mas também ao professor mais sensacional que já li em livros. Foi algo que precisei me controlar pra não derramar uma lágrima (consegui!) mas me fez suspirar e falar ‘ahhhhh’. É um livro sobre bullying. É um livo sobre suicídio. É um livro sobre segundas-chances e sobre pessoas fascinantes que as vezes temos a oportunidade de conhecer no decorrer da vida.

A minha sensação final ao terminar a leitura foi um grande WTFH! Terminei faz menos de 24 horas e ainda não consigo aceitar que terminou daquele jeito. Eu tenho vontade de entrar na cabeça do Quick e desvendar o que realmente aconteceu após a cena real final e não ter que montar um quebra-cabeças imaginário pra tentar dar um fim decente a história! Conversei com meus amigos do Clube sobre isso e tal, mais ainda estou inconformada com aquele fim. É terrível.

BUT o livro é ótimo e eu só recomendo que você leia, tipo, para ontem. É um livro um tanto quanto perigoso, dependendo de como você o interpretar, mas acho que somos leitores espertos e experientes o suficiente para pegarmos o melhor da história e levar para a vida.

1 – e eu estou escrevendo e pensando como Leonard, agora. OMG!

6 comentários:

  1. não li nada ainda do Matthew, apenas assisti ao filme e não me interessei em nada pela história.
    entre esses dois livros dele, Perdão L.P. me interessa mais :D
    notas de rodapé gigantes? credo, que isso Matthew??
    não tinha lido nenhuma resenha deste livro ainda, mas, caramba, ele parece ser muito bom mesmo!
    vou ler logo, pode deixar! *-*

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  2. Estava em dúvida se leria ou não esse livro, mas agora fiquei com vontade!
    Resenha nota 10!
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  3. Eve, eu AMEI O Lado Bom da Vida, mas estou receosa quanto a ler esse, não porque eu não ache que seja bom, mas pelo tema. Sei lá, é meio pra baixo, né? E eu tô numa fase que preciso de coisas pra cima, por isso não sei HUAHUA Mas, ao mesmo tempo, fico louca de vontade de ler, tanto pq amei o outro livro do autor, quanto porque a sinopse é mega interessante.
    Li a sua resenha na esperança de me decidir, mas não consegui huahaua Um dia sei que leio, mas estava pensando seriamente em pedi-lo pelo Plus, mas não o fiz hehe
    Beijos! Saudades eu estava de passar aqui. Sempre curto suas resenhas.

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  4. Ahh poxa esse livro parece bem diferente do "O lado bom da vida" porque não tem tantas notas assim como parece em "Perdão, Leonard Peacock"... Eu amei O lado bom da vida, espero gostar desse também e já digo que o tema me surpreendeu (eu já gosto disso)!

    Beijos flor!

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  5. Que bela resenha. Vi uma menina lendo esse livro do meu lado do ônibus e fiquei curiosa pra saber do que se tratava. Agora q li a resenha so penso , EU PRECISO LER ESSE LIVRO!
    adorei a resenha, parabens

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  6. Oi Eve,

    Li "O Lado Bom da Vida" do Mathew e mesmo que as temáticas sejam diferentes, "Perdão" deve ser um livro igualmente bom. Bem, ao menos eu espero que seja, a julgar pela sua resenha acho que vou gostar. Além do mais, fiquei curiosa para conhecer o professor genial que você cita na resenha. rsrsrs
    Beijos

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