Eu Li: Casa de Praia com Piscina (Zomerhuis Met Zwembad)

Fiquei curiosa para ler o novo livro de Herman Koch assim que soube do lançamento pela Intrínseca, tem livros que sinto vontade de ler apenas pelo nome - acho esse tão simples e tão enigmático... Parece nome de coisa boa! Herman é também autor do premiado O Jantar (que sempre quis ler e inclusive comprei, mas ainda não li ainda), que a Intrínseca lançou ano passado e eu fiquei boba por ele não ter bombado por aqui, uma vez que fez muito burburinho lá fora. Então, resolvi ler uma amostra da Amazon para esperar a chegada do livro. Eu sempre faço isso, leio amostras só pra ficar desesperada pelo livro inteiro! Então vamos a resenha, caso você ainda não tenha se interessado por esse livro! #vemcomigo

Casa de Praia é narrada por nosso protagonista, Marc Schlosser. Marc é um clinico geral, um médico de família, e atende em Amsterdã. Desde o inicio da trama, com os relatos de Marc, nós já conseguimos notar o tipo de médio - e pessoa - que ele é, aquele tipo sem pudores em expressar o que pensa, aquele tipo com uma moral bem flexível. Aquele tipo perigoso de pessoa. Isso é uma característica marcante do livro, porque Marc pensa (e nós estamos na cabeça dele) algumas coisas bem politica-e-moralmente incorretas e isso é muito interessante - e angustiante na maior parte do tempo. Os pacientes de Marc são geralmente artistas - escritores, atores, pintores - e essa história começa quando Marc conhece o famoso ator Ralph Meier, depois que este chega a seu consultório por indicação, já que Marc é considerado um médico que não regula remédios. Marc nunca foi  de se deslumbrar com a fama de seus pacientes, mas desde o principio, Ralph tem algo que o deixa curioso para participar. Então ele acaba sendo extremamente condescendente em relação aos pedidos de Ralph.
Na verdade, o médico de família é impotente em relação a tudo isso. Ele pode transmitir tranquilidade a um paciente. pode garantir que, pelo menos por ora, o paciente não precisa da ajuda de um especialista. Pode convencer uma mulher de que o parto em casa não oferece risco algum, Que é muito mais 'natural'. Embora seja natural na mesma medida em que morrer também é.
Sentiu o que estou falando? Marc tem conversas desse nível.
De fato, você poderia me chamar de 'fácil' em relação a receitar certos remédios. Isso mesmo, sou fácil. Por que alguém deveria passar metade da noite acordado quando um miligrama de lorazepam o derrubaria até meio-dia? Remédios melhoram a qualidade de vida.
Quando as férias de verão se aproximam, Ralph convida Marc, sua esposa Caroline e suas duas filhas, uma de 12 e outra de 10 anos, para passar uma temporada na casa de praia com piscina que ele alugou com sua família, a esposa, a sogra e os dois filhos com idades próximas a das filhas de Marc.
A boca é um mecanismo. Um instrumento. A boca inala oxigênio. Mastiga comida e a engole. Prova, sente se algo está quente ou frio demais. Àquela altura, eu estava olhando Judith nos olhos novamente. E continuei a olhar enquanto pensava essas coisas sobre sua boca. Um olhar diz mais que apenas palavras. Isso é um clichê, claro. Mas um clichê também diz mais que apenas palavras.
Um fato que merece ser mencionando aqui é que Ralph é um desses caras que geralmente conseguem o que quer. Apesar de ser casado há anos, ter dois filhos e uma família feliz (aparentemente), Ralph não é um exemplo de homem que honra sua família... Então, assim que Ralph conhece Caroline, ele descaradamente demostra interesse - o que incomoda Caroline, que assim como o marido, não acha a fama algo particularmente atraente e repudia as atitudes descaradas de Ralph. Ela chega a falar com Marc sobre o quão incomodada fica com as atitudes de Ralph com ela, mas Marc também tem outros interesses em relação a aproximação com Ralph então, aproveitando-se de toda uma situação encenada, eles acabam indo  passar as férias em família com os Meier - além de Stanley, um diretor de cinema amigo de Ralph e Emmanuelle, sua jovem namorada modelo.
— Não me entenda mal: Ralph é um homem sedutor. Por isso me apaixonei por ele. O modo cxomo ele olha, o modo como olhava para mim, como mulher, simplesmente faz você se sentir atraente. Desejável. Isso é maravilhoso para uma mulher, ver um homem olhar para você assim. Mas demora um pouco para você se dar conta de que um homem sedutor não olha assim apenas para você, mas para todas as mulheres
Toda a atmosfera do livro é bem interessante porque a gente sente o tempo todo que algo vai acontecer naquelas férias, com aquelas pessoas, e a narrativa vai nos conduzindo pelas situações de modo a não revelar de forma direta tudo o que aconteceu. Além das mais diversas lembranças de Marc em relação a época em que estudava medicina - quando ele faz todo o tipo de comentário sobre ética médica e pessoas - ele volta e meia faz observações sobre a vida de acordo com as situações que vive. O livro não tem um curso linear. No começo a gente já sabe de um acontecimento que permeia nossa curiosidade até o fim, até o momento da revelação de por que aquilo teria acontecido e qual a responsabilidade de Marc na história toda. Achei esse um recurso bem interessante usado pelo autor porque ele escreveu algumas cenas e apenas salpicou a ideia no começo e no decorrer da trama que essas cenas reaparecem com a explicação completa.

Eu gostaria de destrinchar cada aspecto do livro aqui, mas sinto que o melhor é você não saber muito sobre o que acontece - como eu não sabia ao ler - e se surpreender durante os acontecimentos. Devo dizer que li o livro bem rápido, porque tem algumas partes que é impossível parar de ler, mas em outros momentos eu realmente tive que fechar o livro porque Marc tem uma moral tão duvidosa que eu simplesmente precisava respirar um pouco pra aliviar todo aquele fluxo de informação sobre todo o tipo de coisa sobre a vida que Marc desandava a falar e eu ficava me sentindo mal por estar lendo coisas são crués. Tão duras. Tão sei-que-isso-é-verdade-mas-não-quero-falar-sobre-isso?

Marc tem uma conduta bem duvidosa com seus pacientes e isso a gente já nota assim que começamos a leitura. Ele conta uns relatos sobre como trata alguns pacientes e sobre como funciona a medicina que me deixou sinceramente preocupada. Não que eu ache que a maioria dos médicos aja assim, mas porque se eles quisessem agir, notei que seria algo muito fácil e depois dessa leitura fico bem mais desconfiada desses médicos de emergência...

Recomendo a leitura, principalmente porque ainda estou inconformada com aquele final e PRECISO que alguém leia e venha me acalentar! Sabe aquele livro que você passa a trama toda esperando pelo ápice e aí ele acontece e você quer apenas toda a explicação - e ela não vem? Foi assim que me senti... Deixe-me explicar. O livro é bem conclusivo em relação ao que aconteceu, mas eu simplesmente queria mais detalhes. DETALHES!!! Ainda mais depois de tudo que a gente sofre enquanto acompanha a trama... E também tem um assunto que simplesmente fica a cargo do leitor adivinhar a conclusão e eu temo que não tenha sido boa... Queria a resposta do Herman! rs

Enfim... Terei que mandar um email pra ele ou fazer todo mundo ler e depois abrir uma discussão sobre o que a maioria achou que aconteceu. Então façam isso, gente. leiam Casa de Praia com Piscina e venham conversar comigo!

Um comentário:

  1. Não conhecia o livro e achei bem interessante a sua resenha. Gostaria muito de ler o livro e tirar minhas proprias conclusões.

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