Eu Li: Pequenas Mulheres Vampiras (Little Vampire Women)

Um livro cuja a primeira frase e '- O Natal não será a mesma coisa sem nenhum cadáver.' só pode despertar curiosidade. O livro foi lançado pela editora Pandorga é uma releitura do clássico americano Little Women (Mulherzinhas por aqui) da Louise May Alcott, - que é o livro preferido de Rachel Green! Mas deixemos Friends de lado e vamos as considerações sobre essa releitura. 

Após o sugestivo começo, mergulhamos numa narrativa em 3ª pessoa sobre as 4 irmãs March, Meg, Jo, Beth e Amy. Todas são jovens vampiras e levam um estilo de vida 'humanitário' – onde não se alimentam de outras pessoas, só de animais (hm.. sentiu a vibe?). O pai delas foi lutar na guerra e elas vivem numa casa humilde com a mãe – a adorável Marmee, e a criada Hannah. No mundo delas, a convivência entre humanos e vampiros é pacífica até certo ponto – pois existem grupos de caça-vampiros e grupos que caçam os caça-vampiros.

– Eu não acredito que nenhuma de vocês sofre tanto quanto eu – gritou Amy – porque vocês não tem que ir a escola com garotas impertinentes que te amolam se você não sabe suas lições, riem de seus vestidos, rotulam seu pai porque ele não é rico e te insultam por suas presas não serem boas.
– Se você quer dizer caluniam, eu diria que sim, mas não fale sobre rótulos como se o papai fosse um pote de picles – aconselhou Jo.

Confesso, achei tudo muito estranho e confuso no início – não sei se isso é porque não li o livro 'original', mas acredito que a narrativa não ajudou. Elas vivem num 'mundo' estranho. Ler sobre refeições de sangue de rato e gatos frescos e achar isso 'normal', me causou um estranhamento. Demorei a entrar na atmosfera e aceitar que eles eram 'vamps das antigas' (não podem sair ao sol, dormem em caixões, precisam de convite para entrar na casa de alguém e tal) – acho que todo o tempo com Twilight e Noite Eterna me deixou assim... 

...acusações injustas de conspirar com caça-vampiros só surgiam raramente. [...] Era o cumulo da grosseria se alimentar de seus convidados, particularmente se eles estavam na mesma posição social que você. Do mesmo modo, era imperdoavelmente vulgar matar seu anfitrião com uma estaca.

Se eu não achei a leitura totalmente fluida para mim, não posso deixar de citar os méritos da autora. O livro traz algumas lições muito bonitas sobre companheirismo, família, amizade, boas maneiras e educação. As quatro meninas são bem diferentes uma das outras em termos de personalidade, mas são muito unidas como família e sempre ajudam e se apóiam. Das irmãs, minha favorita é mesmo a Jo, que é praticamente a protagonista e a mais valente entre elas. Agora, de todos os personagens, meu favorito foi Laurie, o amigo humano de Jo que sonha virar vampiro!

Ela começou a ver que caráter é uma posse melhor do que dinheiro, posição social, intelecto ou beleza. 

#fato

A história, depois que você consegue aceitá-la, tem momentos muito bons e a leitura não é tão desgastante porque os acontecimentos encaminham tudo para uma resolução que nos deixa curiosos. Confesso que faltando 1/4 para o fim, fiquei mais animada com o rumo da história porque queria saber como as coisas se resolveriam pois o livro tem algumas reviravoltas. 

Uma coisa interessante é que o livro é cheio de (falsas) notas de rodapé, com informações sobre as coisas citadas, mas num contexto vampiresco – como se existissem mesmo os vampiros e tivessem pesquisas e livros sobre eles. Isso inclusive me lembrou Delirium, que também tem esse tipo de informação pra você se sentir no universo – mas que devido a natureza 'vampiros existem e tem muitas coisas sobre ele', me deixavam um pouco confusa!

Mas definitivamente não fez meu estilo completamente, embora eu acredite que irá agradar leitores que apreciam historias com estilo mais clássico. Eu realmente me incomodo com a linguagem e acabo achando que em alguns momentos as coisas caem no piegas ou no superficial – por exemplo, o modo como o pessoal trata um ao outro, se apaixona e faz declarações - parece fácil, simples...

Então minha consideração final é que se você gostou da resenha e sentiu que o livro faz seu estilo, deve dar uma chance para a leitura. Já se você fizer mais o estilo contemporâneo, acredito que não será uma leitura tão proveitosa assim!